55 Cancri – parte 2
Como adiantamos na matéria anterior (intitulada 55 Cancri) o Spitzer está a coletar inúmeros dados sobre os exoplanetas. Um de seus alvos é o sistema estelar 55 Cancri.
Trata-se de um sistema estelar composto por uma estrela (que leva esse nome “55 Cancri”) e cinco planetas. A estrela está a uma distância da Terra de 12,34 pc, tem uma idade de 10,2 x 106 anos e uma temperatura superficial em torno de 5.196 K.
Descoberto em 2004, o planeta “55 Cancri e” tem quase o dobro do tamanho da Terra, é rochoso também.

Os dados da observação do Spitzer possibilitaram a montagem de um “mapa de temperatura”, ou seja, um mapeamento da distribuição de temperatura do exoplaneta, no qual as oscilações extremas de temperatura de um lado para outro do planeta ficam em evidência. O que sugere a presença de correntes de lava. Os astrónomos responsáveis pela pesquisa acreditam que possivelmente este planeta apresente fluxos de lava à superfície. Haja vista que o mesmo planeta encontra dificuldades em distribuir o calor ao longo de sua superfície.
A atmosfera de “55 Cancri e” não está clara para os astrónomos. Segundo os dados do Spitzer, as noites naquele planeta são quentes e os dias são escaldantes.
Para fins de registo, o exoplaneta encontra-se a uma distância relativamente perto da Terra, algo em torno de 40 anos-luz de distância. Dado interessante é que um dia no exoplaneta dura 18h. Semelhantemente com o que acontece no sistema Terra-Lua, há uma face do exoplaneta que fica exposta ao intenso calor, enquanto a outra face fica permanentemente no escuro (por isso, uma região muito mais fria). Outro facto curioso é que “55 Cancri e” apresenta fases, tal qual a Lua.

Vale sublinhar que o estudo realizado pelo Spiter foi em infravermelho, totalizando 80 horas de observação do exoplaneta “55 Cancri e”, ou seja, foram observadas várias rotações completas. Os dados revelaram uma discrepância significativa na temperatura de cada lado do planeta. Por exemplo, o lado mais quente apresentou uma temperatura próxima de 2.700K, ao passo que, o lado mais frio teve um registo de 1.400K.
Claramente temos um outro grande desafio pela frente: entender o comportamento da atmosfera deste exoplaneta. Alguns pontos não nos são claros, porém, esperamos que em um futuro próximo, possamos avançar mais nesta discussão.
Dr. Nélio Sasaki – Doutor em Astrofísica, Líder do NEPA, Membro da AIU, Membro da ST/Brasil, Membro do PLOAD/Brasil, Membro da SAB, Membro da ABP, Membro da SBPC, Membro da SBF, Revisor da Revista Areté, Revisor da Revista Eletrônica IODA, Revisor ad hoc do PCE/FAPEAM, Coordenador do Planetário Digital de Parintins, Coordenador do Planetário Digital de Manaus, Professor Adjunto da Universidade do Estado do Amazonas (UEA).