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A criação cabocla de um gênio visionário: Simão Assayag o pai” do Conselho de Artes do Boi Caprichoso.

Simão Assayag criador do Conselho de Arte do Caprichoso.

Mestre na arte de criar espetáculo tem em suas obras à genialidade de sua própria história. Roque Cid fundou o Caprichoso e Simão o reformulou e fez dele o que é hoje: grande, ousado, inovador, de estrela na testa e, literalmente, o Boi de Parintins.

Sinny Lopes | 24 horas

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Parintins (AM) Na cronologia azulada, Simão Assayag divide o tempo cultural e folclórico da Ilha: antes e depois de suas ideias e concepções. Mestre na arte de criar espetáculo tem em suas obras à genialidade de sua própria história. Roque Cid fundou o Caprichoso e Simão o reformulou e fez dele o que é hoje: grande, ousado, inovador, de estrela na testa e, literalmente, o Boi de Parintins.

Engenheiro civil, professor da UFAM, artista plástico, escritor, compositor e folclorista. Há 125 anos saídos do Marrocos embarcaram na Ilha de Tupinambarana os Assayag, dando início a uma saga familiar de sucesso, conquistas, realizações e de grandes feitos. Ascendendo e construindo um sobrenome importante, respeitado e admirado nos quatro cantos da cidade de Parintins.

No âmbito artístico e cultural, esta renomada família doou grandes nomes que ganharam notoriedade no Festival Folclórico de Parintins, dentre eles: Simão Assayag, o fundador do Conselho de Artes do Boi Caprichoso.

Criado em 1996, com a missão de dirigir todas as áreas de criação do boi na formatação do projeto de arena inserindo em seu quadro notáveis pessoas dos mais variados setores do boi. O intuito do Conselho de Artes, idealizado por Assayag, era buscar novos caminhos, uma jeito novo de conceber e de apresentar o espetáculo na arena do Bumbódromo com a pluralização de sua concepção. A inserção de novos elementos, de uma linguagem mais elaborada, de pesquisas embasadas e fundamentadas, aliada a ousadia de abordar temas e contextualizações, causou um grande impacto não só estético como, também estrutural em um festival que se ascendia para o restante do país e do mundo enquanto evento cultural e identidade de uma cidade, estado e povo.

Na loucura genial e criativa de Simão Assayag a frente da sua criação ele foi fundamental na reorganização e na definição cênica e na dinâmica representativa que conhecemos hoje em dia. Criador e criatura são os alicerces desta essência de brincar de boi em forma de teatro como se ópera fosse de estilo caboclo, assinada e dirigida por autoditadas e mestres em sua criatividade, simplicidade e talento. O Conselho de Artes do Boi Caprichoso nasceu com um nome revelador e auto descritivo: Criação Cabocla, não só fora o tema naquele ano como também fora a simbiose genética e literária dele próprio que tão bem traduz o seu DNA.

Em 96, consagra-se tricampeão do festival com uma das obras mais belas e complexas já apresentadas na arena do Bumbódromo, porém, não a única. Quem não se lembra de ou já não ouviu falar da quaternária Amazônia paleolítica que restou a catedral mais verde do mundo em 97? Ou quem sabe do inusitado e inédito ritual da vida em 98? Quiçá da montanha imóvel que ganha vida em uma oração pela preservação em 99? Ou ainda, a guerra inglória e histórica entre os Mura e os Mundurucu em 2000? Não podemos esquecer a grande odisseia dos belos, destemidos e temidos Tupinambá em 2001?

Não só o Boi Caprichoso, o festival e a cidade de Parintins têm muito que agradecer ao Conselho de Artes por tudo que fez, ditou e inspirou quanto por sua contribuição inestimável ao desenvolvimento e sucesso desta centenária brincadeira. E neste sentindo, a parcela que cabe a Simão Assayag e tanto quanto ou maior que a sua própria criação e feitos.

O Festival Folclórico de Parintins pode ser dividido em antes e depois de Simão Assayag que está para a festa parintinense como Joãozinho Trinta está para o carnaval carioca. Ou seja, gênio e grande mestre. Assayag imprimiu uma nova formatação ao espetáculo dando-lhe conceitos e diretrizes, o reorganizou dando-lhe corpo e alma desde a concepção do projeto até a composição das toadas com novas temáticas voltadas para as raízes e tradições, reforçando a vertente cabocla com um forte viés indígena e amazônico.

Neste ano [2016], o Boi Caprichoso comemora os 20 anos da criação de seu Conselho de Artes pelas mãos deste caboclo parintinense, azulado de corpo, alma e coração. Esta data não jamais poderia passar em branco e tampouco os seus fatos históricos caírem no esquecimento ou só na lembrança dos torcedores mais antigos, o Portal Parintins 24h e o cretino colunista, literalmente, de segunda prestam esta mais do que justa homenagem e merecido reconhecimento a Simão Assayag e buscou a opinião de personalidades, conselheiros e ex conselheiros para falar destas duas entidades do folclore parintinense.

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“Quando cheguei, pela primeira em vez em Parintins, para assistir ao seu badalado festival pude ver, claramente, a teatralidade quase operística do Caprichoso. Discursos firmes e uma estética mágica, jurássica, para revelar uma Amazônia pré-histórica numa ousadia que só o visionário folclorista Simão Assayag teria coragem de conceber e dirigir para a arena: uma Amazônia quaternária. E isso, modificaria minha visão preconceituosa sobre o Boi-Bumbá e imediatamente vislumbrei as possibilidades que a mistura da arte com o folclore poderia trazer para todo o Brasil. Simão foi o precursor da arena Bumbá, a preservação da Amazônia quando os preservacionistas ainda dormiam para os problemas do meio ambiente. Parintins e o Amazonas devem muito ao folclorista Simão Assayag!” (Chico Cardoso – Teatrólogo e Conselheiro de Arte)marcio

 “Simão Assayag não foi apenas o primeiro artista a conceber o espetáculo de um ponto de vista profissional, mas também o primeiro (e em certo sentido, único) e principal responsável pelo dinamismo estético da cena, compreendendo a arena como um grande palco cênico, onde cada elemento, da luz ao movimento dos bailarinos, itens e intérpretes, da música que combinava compassos e dinâmica de cena, à criatividade pensada e planejada dos desenhos de movimento da galera interagia numa simbiose salutar, sem contar o talento para a direção cênica e a ousadia de suas abordagens onde cada noite e a cada ano, gerava expectativas, pois sabia-se que estaríamos diante de um espetáculo imprevisível, inquieto, empolgante e renovador. Em uma palavra: um gênio!” (Márcio Braz – Diretor Teatral e ex Conselheiro de Arte)

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Simão Assayag redefiniu o boi de arena: um projeto macro (tema geral) dividido em três subtemas. O formato de roteirização foi personificado pelo espetáculo “As Sete Visões de Kaniwá”, ates disso os bois se se apresentavam de forma “solta”, cada alegoria iniciava e encerrava um momento sem estar linkada com o restante da temática. Simão trouxe consigo o título de ópera cabocla para o festival de Parintins e sua iniciativa ousada permanece até a atualidade. Existe um boi antes e depois de Simão Assayag, o qual com sua engenharia assinou um dos mais belos espetáculos da nação azul e branca”. (Irian Butel – Historiadora e ex Conselheira de Arte)peta

Ele foi o personagem principal da ousadia que alimentou delírios criativos e transformou a narrativa simples do Festival Folclórico de Parintins num espetáculo cênico, coreográfico e musical que conquistou o mundo. Simão Assayag ditou uma era em que o folguedo popular abriu espaço para a encenação respaldada em pesquisas e elaborada a partir de conteúdos históricos, folclóricos e antropológicos e ao instituir o Conselho de Artes no Boi Caprichoso na década de 90, Assayag conjugou o verbo CRIAR em todas as suas flexões e mostrou que o folclore tem a capacidade de se adaptar às exigências do povo, do novo, do ser moderno, ao mesmo tempo em que o boi-bumbá pode ser um espetáculo dinâmico, grandioso com processos de criação e inovação permanentes na música, na plástica ou na coreografia. E nessa mistura entre o real e o imaginário, entre a história e a fantasia, entre a tradição e a ousadia, entre a pesquisa científica e a lenda, Simão Assayag reinventou o Boi de Parintins sem perder sua ternura, sua essência, sua raiz. Se para alguns foi exagero, loucura ou uma atitude extravagante, para a grande massa a espetacularização do boi-bumbá proposta por Simão resultou numa alegria insana, num desatino, num desvario, num sentimento que foge do controle da razão, numa paixão que pede mais loucuras, mais fantasias, mais criaturas fantásticas e mais alegria.” (Peta Cid – Jornalista e ex-Conselheira de Arte).

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“Ele é sextante, bicho homem, flor azul dourada. Na sua imaginação não há distância entre um astro e a arena tanto que do horizonte, onde sem limites trouxe uma estrela do céu e a pôs na testa do boi. Ele é um rio que veleja sem parar e de repente num mergulho desaparece e no infinito de sua criação reaparece na arena com a verde catedral. Para ele nem a cabala é tão misteriosa quanto a Amazônia onde vulcanos adormecem. Historiador de guerras tantas, MURA / MUNDURUCU segue sorrindo, obcecado pela perfeição dos ritos, tantos ensinamentos burilados fincados nas colunas dos seus sonhos. Assim é Simão Assayag é um saber olhar, é um saber criar é a lenda viva da arte de fazer: folcloriar!” (Ronaldo Barbosa – Compositor e ex Conselheiro de Artes).

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Simão Assayag é um divisor de águas no Festival Folclórico de Parintins! A história dos 51 anos de batalha artística entre Garantido e Caprichoso registra um período antes e outro após a era Assayag. Simão estabeleceu um novo conceito para o projeto de arena: inovador e ousado, com temáticas que quebraram a barreira da mesmice que já se estabelecia nos espetáculos apresentados na arena do Bumbódromo. Um período de renovação que oxigenou e engrandeceu o festival. Simão Assayag concebeu e dirigiu espetáculos inesquecíveis. Um grande mestre com quem tive o privilégio de trabalhar durante esse período no qual muito aprendi.” (Edwan Oliveira – Artista e ex Conselheiro de Arte). 

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Simão Assayag é sinônimo de inovação e ousadia. Simão foi o grande inovador do Festival Folclórico de Parintins, suas ideias sempre foram além do seu tempo, sempre saíram do senso comum, e muitas vezes foi incompreendido, como todos os grandes gênios. Trabalhar com Simão é como beber de uma fonte inesgotável de conhecimento. Muitas vezes me peguei de olhos vidrados apenas ouvindo seus conhecimentos e suas ideias, que de tão fantásticas, chegavam a assustar. Sem sombra de dúvidas, o festival não seria o que é hoje, sem as criações revolucionárias de Simão Assayag. (Socorrinha Carvalho -Ex presidente do Conselheiro de Arte).

Estendemos as parabenizações pelos vinte anos de Conselho de Arte todos os artistas que fizeram e fazem parte dele [salve memória do cretino colunista]: Aldaci Castro, Augusto Savedra, Camilo Ramos, Edwan Oliveira, Edwander Batista, Emerson Brasil, Ericky Nakanomi, Erinaldo Batalha, Gil Gonçalves, Jair Almeida, Larice Butel, Makoy Cardoso, Peta Cid, Waldir Santana, Wando Cruz, Zandonaide Bastos, Socorrinha Carvalho, Rossy Amôedo, Cici Castro, Chico Cardoso, Helerson Maia, Junior de Souza, Márcio Bráz, Yaguarê Yamâ, Cynara Carmo, Jenner Carneiro, Marcos Falcão, Ronan Marinho, Karú Carvalho, Lilian Alves, Benedito Siqueira, Pe. Benedito Teixeira, Rogério Azevedo, Sebastião Cardoso, Valdenei de Souza Santos, Frank Santos, Márcia Baranda e Juarez Lima.

Se eu, Sinny Lopes, sou Caprichoso devo e credito esta culpa a Simão Assayag, pois em 96 foi minha primeira vez na ilha e fui impactado com aquele espetáculo apresentado no Bumbódromo. Nunca senti uma emoção igual àquela, e a mesma se repete todas as vezes que vejo o meu boi Caprichoso na arena. Obrigado Simão Assayag por apresentar-me o amor mais puro e sincero de minha vida que me faz ser crítico ao extremo e obrigado ao Conselho de Artes por todos os momentos de alegria, encanto, apreensão e euforia vividos dentro e fora da arena.

Muitas são as lembranças e os momentos marcantes desta era de ouro do festival: as caravelas, o canoeiro, a onça da Daniela Assayag, o boto da Dunia Assayag, o dinossauro da Marlessandra, o esqueleto pré-histórico do Arlindo, a Alcateia, a Maria Louca do apagão, do pássaro da Tocaia, da luz da comunhão, do terço caboclo, dos vagalumes, da Yara, da Camila Assayag de Nossa Senhora e tantos mais.

Ninguém mais em sã consciência e fazendo pleno juízo de suas faculdades mentais ousaria e seria capaz de falar e de apresentar na arena do Bumbódromo uma Amazônia quaternária para caboclo ver e gringo aplaudir: só mesmo Simão no alto de sua genialidade. Genialidade esta, que faz da Amazônia Ayakamé, oriunda de um amor proibido transformasse na catedral verde guardada pelos templários imaginários, cujos vitrais refletiam o multicolorido das mais belas aves da região. Em sua oração, uma montanha de talento num eterno ritual da vida que ora é condor, ora bicho-homem, ora Mura, ora Munduruku. Sua ousadia rompeu o escuro com seus candelabros e lanternas azuis e surreais; fez de sua visão as sete visões do grande Kaniuwá. Simão Assayag é mito, é gênio… É mestre! O primeiro dos conselheiros e dentre todos, o maior.

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