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Amazonense ministra oficina de dança contemporânea para comemorar o Dia do Bailarino

Após o sucesso da oficina 'Boi de Quilombo', o manauara Wilson Júnior traz o evento 'Entre o rio e a floresta' para Maracanaú, no Ceará

Foto: Divulgação.

O Centro de Artes Regiana Melo, em Maracanaú, no Ceará, e a pesquisadora em Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural, Laura Dourado, que faz doutorado em Portugal, fecharam parceria com o coreógrafo e produtor cultural amazonense, Wilson Júnior, para ministrar uma oficina de dança na cidade nordestina na próxima terça-feira (1°), em comemoração ao Dia do Bailarino.

A oficina intitulada ‘Entre o rio e a floresta’, vai destacar as riquezas naturais da Amazônia e o imaginário com lendas, mitos e os mais belos rituais indígenas. Inicialmente o evento será destinado aos alunos do Centro de Artes Regiana Melo, localizado na rua Cinquenta e Um, em Macaranaú, vai ser expandido para o público externo.

Wilson Júnior, que acumula experiências no Brasil e exterior, conta um pouco de como surgiu a ideia da oficina.

“A ideia surgiu da leitura em torno dos aspectos naturais que pudessem envolver-se com a técnica de dança contemporânea, logo a pesquisa foi realizada em torno do rio e da grande floresta amazônica e vai buscar esta essência e transformá-la em movimento. Tenho certeza que será um grande evento”. explica.

Oportunidades – A oficina ‘Boi de Quilombo’, primeiro trabalho de Wilson Júnior em solo cearense, que mistura passos de boi-bumbá com a dança africana, conquistou respeito e admiração de vários artistas locais, ampliando seus horizontes em novos trabalhos.

Ele relembra o contato que teve com Regiana Melo e, no primeiro momento, construiu uma bela amizade.

“Quando cheguei em Maracanaú tive oportunidade de conhecer a Regiana em ações da Secretaria de Cultura. Ela participou da minha oficina ‘Boi de Quilombo’, a partir desse momento fortalecemos os vínculos e falar sobre a arte. Iniciou uma amizade bem legal”, disse.

Histórico – Wilson Júnior é formado em Dança pela Universidade Estadual do Amazonas (UEA). Natural de Manaus, há 20 anos se dedica em prol da cultura popular amazonense.

Foto: Divulgação.

Durante 10 anos, foi integrante do Balé Folclórico do Amazonas e atua como coreógrafo e produtor cultural da Instituição Cultural Arte Sem Fronteiras, fundada por ele no ano de 2008.

Em sua trajetória, Wilson participou em mais de 30 bancas como jurado acumula trabalhos ao lado de cantores como Márcia Siqueira, James Rios e Klinger Araújo. Além disso, ele soma participações no Festival Folclórico de Parintins, pelo Boi Caprichoso, competiu no Festival de Dança de Joinville e esteve presente no Festival Folclórico do Amazonas.

Atualmente ele é integrante do Conselho Internacional de Festivais Folclóricos e Artes Tradicionais (CIOFF).

Confira a sinopse da oficina

O ritmo das águas, as margens dos rios, a floresta e a multiplicidade de vidas, esse é o universo amazônico. Entre os rios e a floresta é preciso sentir e ver, para efetivamente descortinar-se a real e a surrealidade que as infinitas imagens oferecem sobre as origens e seus destinos. Nela esta os mais preciosos arquivos culturais, que valoriza sua dimensão com um mundo real-imaginário.

A Amazônia nos permite o sentido privilegiado da contemplação ilimitada e grandiosa, onde podemos observar a diversidade que revela a complexidade. De estética resultante de uma singular relação entre o homem e a natureza, as formas de vivências são sustentadas pelo sentimento de pertença, entusiasmo poético e sensibilidade as nuances mergulhadas na alma do lugar.

Dessa experiência, resulta a amplidão do olhar, que faz a conexão do sentido e coerência ao fluxo incessante de informações entre o corpo e o ambiente. A sublimidade do olhar acontece no momento em que se percebe a essência da natureza constituída plasticamente, com cenários que se reinventam e se renovam em paisagem.

O imaginário atuante nessa criação coreográfica, terá o Amazonas como fonte de inspiração e nela a natureza convertida em cultura artística. E assim, como o rio que não atraca o cais e segue em correnteza sucessiva a revelar novas margens, buscaremos romper as barreiras limitantes da realidade instauradora de novas percepções.

Esse trabalho de dança apresentará o corpo de baile da embaubeiras e dos açaizeiros, os saltos e giros dos peixes nos lagos, a leveza dos passos da onça, os movimentos harmoniosos dos pássaros revoando, as curvas sinuosas nos movimentos do remo nas mãos do canoeiro e o bailado das arraias, entre infinitas imagens implementadas em ações.

Ao fazermos uma construção coreográfica que transpassa especificamente em relação à representação visual de movimentos, temos consciência de que a subjetividade tem um papel marcante no conjunto de influências e significações dessa configuração.

Esse trabalho teve uma investigação que se alicerça em referências como Christine Greiner, que nos informa que o corpo muda cada vez que percebe o mundo, despertando metáforas mutantes que geram novas ações, caracterizando um “corpo artista” a partir da inspiração.

No trabalho coreográfico intitulado, ENTRE O RIO E A FLORESTA, experimentaremos o sentimento majestoso e contemplativo da natureza. Com movimentações que resultem na serenidade que advém das águas tranquilas, ou com a emoção que traduza a força e a inquietação das tempestades noturnas na mata. Faremos experiências do cotidiano com releituras de um ambiente onde os habitantes são os criadores, atores e expectadores de suas origens.

Texto: João Paulo Castro

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