B3 1715+425
Recentemente, uma equipa de astrónomos, que usaram o VLBA (Very Long Baseline Array) do National Science Foundation (NSF), confirmaram a detecção de restos de uma galáxia. Usamos a palavra “restos”, pois, o que fora encontrado é justamente o que sobrou do encontro de uma galáxia menor com outra maior. Como consequência deste fenómeno, tivemos a formação de um buraco escuro supermassivo. Estima-se que o remanescente galáctico esteja dotado de uma velocidade acima de 2 mil km/s.
Somente para clarear, as galáxias envolvidas na colisão fazem parte de um enxame localizado a mais de 2 mil milhões de anos-luz da Terra. Segundo as estimativas, o encontro se deu há milhões de anos atrás e a galáxia maior depojou a menor de quase todas as suas estrelas e gás. O que restou foi o seu buraco escuro e um pequeno remanescente galáctico com apenas 3 mil anos-luz de diâmetro. Para efeito de comparação, a nossa Galáxia – Via Láctea- tem cerca de 100 mil anos-luz de diâmetro.
A confirmação desses dados faz parte de um programa maior e bem ambicioso, cujo objectivo é detectar buracos escuros supermassivos com milhões ou milhares de milhões de vezes mais massivos que o nosso Sol. Em geral, este tipo de objecto não se localiza no centro galáctico. Em Astronomia, admite-se que grandes galáxias cresçam devido ao canibalismo. Ou seja, elas estão sempre a devorar as galáxias menores, na sua vizinhança. Sublinhamos que, neste caso, os buracos escuros das duas galáxias orbitam um ao redor do outro – culminando na fusão de ambos.
Para se chegar aos resultados, os astrónomos usaram um espaço amostral de 1,2 mil galáxias, que passaram devidamente por registos e identificação. O VLBA mostrou que os buracos escuros supermassivos, da grande maioria dessas galáxias, se localizavam no centro galáctico. Porém, um objecto localizado em um enxame galáctico denominado ZwCl 8193 não se enquadrou naquele padrão. O objecto em questão recebeu o nome de B3 1715+425 e é, na verdade, um buraco escuro supermassivo rodeado por uma galáxia muito menor e ténue do que era esperado. Outro detalhe: este objecto está a se acelerar para longe do núcleo de uma galáxia maior e, ao fazer isso, deixa para trás um rastro de gás ionizado.
Utilizamos o termo “quase nu” porque a galáxia menor perdeu quase todas suas estrelas e gás ao longo do encontro com outra galáxia maior. Neste sentido, a galáxia menor fica “despida”.
Quanto ao remanescente, que está a mover-se com velocidade relativamente alta, acredita-se que ele perderá muita massa e não mais formará novas estrelas, com o passar do tempo. Ou seja, daqui a quase mil milhões de anos, ele será praticamente invisível. Essa afirmação é perigosa, haja vista que pode existir uma quantidade significativa destes objectos por aí e nossos equipamentos não conseguem detectá-los.
Apesar de ser uma descoberta significativa para a Astronomia, os astrónomos estão limitados aos recursos do telescópio. Neste sentido, espera-se que, com o funcionamento do LSST (Large Synoptic Survey Telescope), possamos descobrir brevemente muito mais buracos escuros ao nosso redor e provavelmente um buraco escuro supermassivo binário.