Cignus X-3
O Observatório de raios-X Chandra voltou a nos surpreender com mais um belíssimo registo. Agora, ele conseguiu mostrar-nos detalhadamente um instante do ciclo de vida de uma estrela. Tudo graças a uma nuvem muito especial, pois é um verdadeiro berçário de estrelas, ter emitido raios-X. Particularmente, os raios-X vieram de Cygnus X-3. Vamos entender melhor essa situação?
Cignus X-3 é um sistema estelar situado na constelação do Cisne e comporta-se como uma fonte de raios-X, actualmente, imagina-se que Cignus X-3 tenha quase nove vezes a massa do nosso Sol. A origem dos raios-X ainda é incerta, levantam-se três hipóteses:
- a) devido a uma estrela massiva que está a ser devorada;
- b) devido ao buraco escuro presente nas proximidades;
- c) devido à uma estrela de neutrões.
O facto é que essa descoberta abre caminho para novos estudos de como as estrelas estão a se formar. Com o auxílio do Chandra, que é um equipamento de alta resolução, foi localizada uma segunda fonte de emissão de raios-X muito próxima de Cygnus X-3. Só para você, leitor, ter uma idéia, a distância entre Cygnus X-3 e a segunda fonte de raios-X é similar a termos uma óptima resolução de imagens de dois objectos separados no céu por uma distância equivalente ao diâmetro de uma moeda de 0,05 R$ (cinco centavos de real) levantada a uma altura de, no mínimo, 250 metros no céu da ilha de Parintins. Uma vez que a definição da resolução das imagens de cada um dos objectos foi realizada com sucesso, os astrónomos se pronunciaram e afirmaram que a tal fonte de raios-X era uma nuvem de gás e poeira.
Tecnicamente, em linguagem astronómica, a nuvem de gás e poeira que foi encontrada tem um diâmetro aproximado de 0,7 anos-luz. Isto significa dizer que essa nuvem é bem pequena. No entanto, os astrónomos notaram que a mesma estava a reflectir os raios-X, emitidos por Cygnus X-3, em direcção à Terra.
Um dos membros da equipa de investigadores, apelidou o objecto reflector de “Pequeno Amigo”, pois trata-se de uma singela fonte de raios-X que se encontra ao lado de uma fonte muito brilhante e com comportamento variável. Porém, futuras observações revelaram que “Pequeno Amigo” possa apresentar uma massa correspondente de no mínimo, o dobro da massa solar e no máximo, 24 vezes a massa do nosso Sol. Mas qual o significado disso? Neste contexto implica dizer que a nuvem “Pequeno Amigo” está a se comportar como um glóbulo de Bok -mais especificamente – uma nuvem pequenina e densa onde as estrelas poderão nascer. Logo, para cada estrela que nascia, um jato de raios-X era emitido pelo “Pequeno Amigo”.
Em geral, glóbulos de Bok são estudados através de ondas de rádio. Estudá-los através de raios-X é facto inédito. Pequeno Amigo situa-se a uma distância aproximada de 20 mil anos-luz da Terra, dado que também o classifica como o glóbulo de Bok mais distante de nós, até o momento.
Um detalhe interessante deve-se ao comportamento de Pequeno Amigo, afinal como ele age tal qual um espelho, os astrónomos puderam medir a distância entre ele e a Terra, além de medir também o atraso na variação periódica entre Cygnus X-3 e Pequeno Amigo. Com estes dados, foi possível determinar a distância entre Cygnus X-3 e a Terra como sendo cerca de 24 mil anos-luz.
Em geral, a maior probabilidade de termos uma formação estelar encontra-se nos braços espirais de uma galáxia. Entretanto, Cygnus X-3 encontra-se fora dos braços da Via Láctea. Para explicar esse facto, os astrónomos alegam que Cygnus X-3 e Pequeno Amigo, em um passado, tenham se formado próximos um do outro. Porém, com a explosão de uma supernova em Cygnus X-3, o sistema binário “Cygnus X-3/Pequeno Amigo” foi lançado em direcções opostas com velocidades que variavam entre 640 mil a 3, 2 milhões de quilómetros por hora.