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Esposas e mães de detentos fazem ‘vigília’ após mortes em presídio em Manaus

Mulheres esperam por notícias de maridos e filhos na UPP, em Manaus (Foto: Adneison Severiano/G1 AM)

Esposas e mães de detentos continuavam em frente a Unidade Prisional do Puraquequara (UPP), na Zona Rural de Manaus, neste sábado (8). A maioria delas chegou ao local na manhã de sexta-feira (7), quando seis presos foram mortos no interior do presídio. “Estamos aflitas aqui fora”, disse a mulher de um homem de 26 anos que cumpre pena na unidade desde abril do 2016.

Cerca de 15 familiares permaneciam na frente do presídio no início da manhã deste sábado. “Recebemos a informação de que mais de 200 presos estão no seguro [isolados]. Eles estão jurados de morte, mas não sabemos quem são eles. Não divulgaram os nomes deles. A direção do presídio não passa nenhuma informação pra gente. Ficamos aqui preocupadas”, disse uma mulher de 46 anos que aguardava informações sobre o esposo. Ela preferiu não se identificar.

Visitas

As visitas foram suspensas neste sábado. Mesmo assim, o grupo afirma que vai permanecer no local. A medida foi determinada pela Secretaria de Administração Penitenciária do Amazonas (Seap-AM) depois das mortes violentas na sexta-feira (7). Ainda não há previsão de quando o acesso de familiares aos detentos será normalizado na unidade na Zona Leste de Manaus. “Só vamos sair quando derem um parecer de como eles estão. Estamos aflitas aqui fora”, disse uma das esposas na frente da UPP.

A Seap ainda não descartou a suspensão das visitas em outros presídios em Manaus neste sábado. Seap disse que vai avaliar, posteriormente, uma data de normalização das visitas na UPP.

Confusão

A confusão na Unidade Prisional do Puraquequara – no km 2 do Ramal da Bela Vista, em Manaus -, terminou no fim da noite desta sexta-feira (7), após cerca de 12 hoas. Ao todo, seis detentos foram assassinados dentro das celas, pelos próprios companheiros. Outros 20, ameaçados de morte, foram transferidos para o isolamento externo. As informações são da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap).

Durante todo o dia, familiares acompanharam a movimentação do lado de fora do presídio. Eles chegaram a fazer uma roda de orações pelos detentos.
 
Corpos foram retirados da UPP durante a noite (Foto: Patrick Marques/G1 AM)
Corpos foram retirados da UPP durante a noite (Foto: Patrick Marques/G1 AM)

Briga entre divisões de facção

O secretário Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), tenente-coronel Cleitman Rabelo, explicou que os mortos foram encontrados no interior das celas, que estavam trancadas. Durante a revista, foram achados dois mortos em uma cela e o restante em quatro cômodos diferentes. “Encerramos a operação de revista na cela e retirada nos corpos. Contabilizamos seis corpos. É uma briga de uma sub-divisão de uma facção do Estado, um acerto de contas interno”, disse o coronel.

O secretário disse ainda que o assassinato dos presos foi motivado por um ‘racha’ dentro do comando de uma facção criminosa que atua no Amazonas. Cleitman Rabelo explicou que os presos foram mortos pelos próprios companheiros de cela. Dois foram estrangulados, um foi atingido com um objeto pontiagudo – uma capa de DVD – no peito, outro foi degolado e último foi atingido na cabeça com uma peça de um dos ventiladores distribuídos nas celas. “Todos serão ouvidos, indiciados e punidos a rigor da lei”, afirmou. Visitas de familiares e banhos de sol estão suspensos até segunda ordem.

O Presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da OAB-AM, Epitácio Almeida, disse que a Seap havia sido informada sobre a possibilidade de novas mortes no presídio. “No início da semana, as famílias me passaram mensagem [sobre a ameaça de morte] e a gente comunicou à secretaria, tanto que eles mantiveram na tranca, fizeram tudo para evitar, acredito nisso”, afirma.

Do g1

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