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Europa

Figura 01: Satélite natural- Europa.

Na figura 01, acima, temos Europa um dos satélites naturais de Júpiter. Desde o momento em que foram percebidos registos que levavam a uma possível existência de água naquele local, Europa tornou-se o alvo preferido da Astrobiologia. Na última semana, tivemos mais informações a respeito daquele satélite natural. E nesta coluna iremos discutir alguns pontos que foram divulgados na mídia. Apresentaremos pontos ora a favor, ora contra as afirmações contidas em vídeos e/ou textos nos diversos tipos de mídias.

A primeira afirmação midiática é “O que torna esta lua tão atraente é a possibilidade de possuir todos os ingredientes necessários para a vida.” Aqui, chamamos a atenção às Professoras que o termo “lua” está equivocado. Ao ensinar Astronomia, por favor, dêm prioridade ao termo “satélite natural”. Na sequência, há uma afirmação interessante: “possibilidade de possuir todos os ingredientes necessários para a vida”. Essa colocação não reflete a realidade. Do ponto de vista filosófico, é construído um raciocínio bem simples, por sinal, a saber: se na Terra há todos os ingredientes necessários para a vida. E de facto, há vida cá em nosso planeta. Então…, se todos os ingredientes estão em Europa, consequentemente, poderá haver vida por lá. Certo? A resposta não é tão trivial assim, afinal, levou-se muito tempo para a atmosfera terrestre evoluir e a vida desenvolver-se por cá. Atenção, embora Europa seja um satélite natural, possui uma ténue atmosfera rica em oxigénio. Por esta razão, os Astrobiólogos estão muito otimistas em descobrirem muito mais que água. Inclusive, já é comprovado que Europa possui água no estado líquido presente abaixo da superfície de gelo. Aspecto

não muito positivo, a pressão é tão intensa que foram registados jatos intermitentes de água quente que estavam a brotar do solo de Europa.

Já falamos do subsolo, vamos falar um bocadinho da superfície de Europa, região na qual os astrónomos detetaram vapor d’água. Essa informação ajuda-nos a melhor entender o interior daquele satélite natural.

Figura 02: Proposta para explicar o interior de Europa.

Uma equipa internacional, liderada pelo Centro de Voo Espacial Goddard da NASA em Greenbelt (Estados Unidos), usou um dos maiores telescópios do mundo, situado no Hawaii, em suas observações. Essa mesma equipa lançou mão da seguinte teoria a respeito do interior de Europa: “há um oceano de água líquida embaixo de toda a região de gelo. Detalhe, a geleira apresenta quilómetros de espessura e, estima-se que, o oceano de Europa tenha talvez o dobro do tamanho do oceano terrestre.” Mas, essa versão não é concenso entre a equipa. Há quem aposte em uma outra fonte termal, estamos a falar de reservatórios de gelos derretidos, localizados um pouco abaixo da superfície do satélite natural. Só para registo, há ainda uma terceira vertente, pouco cogitada, mas… Essa última traz consigo uma remota chance do intenso campo de radiação de Júpiter arrancar partículas de água da parte gelada de Europa.

Vamos registar outra informação importante, desde que a humanidade avançou tecnologicamente e telescópios mais potentes e com mais recursos foram colocados à disposição da Astronomia, duas certezas os Astrónomos possuem: 1. o universo está repleto de ingredientes que possibilitam a vida; 2. estrelas tipo-Sol são muito comuns. À propósito, são considerados elementos químicos fundamentais para a vida: carbono, hidrogénio, oxigénio, fósforo, enxofre e azoto* (este último é conhecido pelo nome de nitrogénio, no Brasil). Interessante facto é que o nome azoto foi devido à Lavoisier que denominava aquele elemento químico pelo termo “gás sem vida”, ou em bom grego: azoto. Além dos elementos mencionados acima, serão necessários: fontes de energia e água no estado líquido para que possamos cogitar a possibilidade de vida. A título de ilustração, os registos da composição química atmosférica é realizado com o uso de espectrógrafos, um deles o existente no Observatório Keck. Moléculas tais como a água emitem frequências específicas na banda do infravermelho, à medida que a radiação solar interage com as moléculas de água. Uma observação: para se detetar sinais de água em outros planetas, os Astrobiógolos deverão primeiro separarem os sinais da água terrestre dos sinais da água em outro planeta (ou satélite natural). No caso de Europa, essa tarefa não é trivial, razão pela qual, faz-se necessária um estudo mais próximo do satélite natural. E, segundo a própria NASA, até final de 2023, deverá ser lançado a missão Europa Clipper.

Quando lá chegar, uma das funções do orbitador Clipper é fazer um estudo completo sobre a superfície, interior e atmosfera de Europa. Além de tentar registar fotos de tais moléculas de água presentes na atmosfera de Europa. O orbitador usará um espectrómetro de massa para auxiliar nas medidas e registos.

Para finalizar, tudo o que foi falado acima é lindo e contagiante. Porém, não se engane. Quando os Astrobiólogos estão a pensar em vida, eles querem dizer “microorganismos”. Vida simples. No mais, seguimos na expectativa do que os dados do orbitador Clipper irão nos mostrar em 2023.

Figura 03: Concepção artística- géiser de água em Europa. Crédito de imagem: NASA.

Dr. Nélio Sasaki

Núcleo de Ensino e Pesquisa em Astronomia (NEPA)

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