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Fantástico detalha como a PM teria sido usada para ajudar a reeleger Melo

O “Fantástico” deste domingo, dia 6, da TV Globo, revelou detalhes de um inquérito da Polícia Federal que investigou como a Polícia Militar do Amazonas foi usada para ajudar a reeleger o governador José Melo (Pros), em 2014.

“Na eleição para governador do Amazonas, a Polícia Federal monitorou as ligações telefônicas do alto comando da Polícia Militar do Estado e descobriu que o principal objetivo da PM, na época, não era garantir a segurança da população”, diz um trecho da reportagem.

A matéria ilustra essa conduta com trechos de duas conversas captadas em escutas telefônicas que o coronel Marcos James Frota, hoje comandante afastado da PM, teve com seus subordinados.

Na primeira, o oficial deixa claro a participação da tropa na campanha ao dizer o que o militar deveria fazer com eleitores do senador Eduardo Braga (PMDB): “Joga fora tudo dentro d’água se for desse filho duma égua”.

Na outra conversa, Frota diz: “Esses ônibus são nossos que tu prendestes (gargalhada)”.

A reportagem também ouve uma pessoa que supostamente seria um oficial que teria trabalhado na operação para reeleger o governador. Essa pessoa, que tem o rosto protegido e a voz distorcida, conta:

“Nós fazíamos barreiras policiais. A ordem era abordar somente os veículos do candidato opositor. Nós apreendíamos; tomávamos dinheiro. Os veículos que vinham com adesivos do governador nós sequer abordávamos. Quando muito, só cumprimentávamos, já que eles eram nossos parceiros”.

Regalias

Além desses fatos já conhecidos no Estado, a reportagem trouxe uma novidade. O programa mostrou que o coronel James Frota continua gozando de regalias do cargo e publicou um flagrante envolvendo a filha do oficial, usando um carro do Estado.

Filha do coronel

“Até a filha, que é dentista, usa um carro do Estado. Aqui, ela aparece fazendo compras”.

Leia abaixo a reportagem

E mais um escândalo eleitoral envolvendo o governador do Amazonas. Ano passado, o Fantástico já havia denunciado um esquema de compra de votos para a reeleição de José Melo.

Agora, uma nova investigação mostra como a Polícia do Estado foi usada para intimidar e pressionar eleitores a votar no governador.

Repórter

Amazonas, 5 de outubro de 2014, primeiro turno das eleições: José Melo, do Pros, era então governador tentando a reeleição; concorria com o número 90; Eduardo Braga, do PMDB, tinha o número 15. Ganhou apertado o primeiro turno, apenas 0,12% de vantagem.

José Melo tinha que virar o jogo e, na campanha para o segundo turno, teria dado uma ordem para a Polícia Militar.

(Voz distorcida do entrevistada):

– Nós tivemos a missão de reverter o resultado da eleição.

Na eleição para governador do Amazonas, a Polícia Federal monitorou as ligações telefônicas do alto comando da Polícia Militar do Estado e descobriu que o principal objetivo da PM, na época, não era garantir a segurança da população.

Gravação:

– Acabamos de prender dois caminhões cheio de gente para votar no 15 aqui na estrada.

Gravação – coronel James Frota, comandante afastado da PM:

– Joga fora tudo dentro d’água se for desse filho duma égua.

Quem fala para jogar eleitores do concorrente Eduardo Braga na água é o coronel da PM Marcos James Frota.

Já, quando são eleitores de José Melo, a ordem é soltar:

– Esses ônibus são nossos – gargalhada.

– Eu vou já verificar.

Repórter

O coronel Frota é investigado pela Polícia Federal. Ele é suspeito de ser um dos responsáveis pela intimidação de eleitores para garantir a reeleição de José Melo.

Entrevista: Superintendente da PF, Marcelo Sávio Rezende:

– Essa máquina pública, né, foi empenhada em favor de um dos participantes do pleito eleitoral somente.

O Fantástico conseguiu entrevistar um oficial que trabalhava na polícia na época. Ele contou como tudo funcionava:

– Nós fazíamos barreiras policiais. A ordem era abordar somente os veículos do candidato opositor. Nós apreendíamos; tomávamos dinheiro. Os veículos que vinham com adesivos do governador nós sequer abordávamos. Quando muito, só cumprimentávamos, já que eles eram nossos parceiros.

Mas o trabalho dos policiais não era só impedir eleitores de oposição de chegar às urnas:

– Usávamos nosso poder de persuasão. A polícia, quando ela chega no interior, ela é muito benquista, muito respeitada. Oferecíamos carona para aquelas pessoas humilde e perguntávamos em quem elas iam votar, elas mostravam santinhos, nós tomávamos os santinhos e entregávamos o santinho do nosso candidato. Quando nós não conseguíamos convencer na conversa, usávamos de coação, pressão. Nós dizíamos que nós iríamos ter que sair daquele município, o município ia fica abandonado. Se o outro candidato ganhasse, ele não ia fazer nada pelo município.

Para o Ministério Público Federal, quase todo o comando da polícia do Estado estava envolvido:

Entrevista do MPF:

– Não é algo de uma maçã podre, apenas um policial. Era o alto escalão da Polícia Militar, que era utilizado de forma veemente, de forma deliberada em favor da candidatura.

– Existia preocupação com a criminalidade ou não?

– Somente com a eleição. A pesquisa eleitoral era que direcionava o policiamento. Intensificava o policiamento onde o governador não estava bem nas pesquisas.

Repórter:

E no dia da votação o comando cobrava os resultados:

– (Coronel Frota) Me diz uma coisa, pelo que tu acha aí, a gente ganha aí?

– Pelo que está aqui, a maioria mudou pro Melo. Quem era Eduardo Braga, me falaram que houve muita mudança.

Memória sobre a eleição de 2014:

– José Melo, do Pros foi reeleito no Amazonas.

No segundo turno, José Melo recebeu 162.841 votos a mais do que no primeiro e Eduardo Braga perdeu 12.593 votos.

Após o fim da votação, já reeleito, José Melo cumprimentou policiais militares:

José Melo cumprimenta policiais:

– Muito obrigado, muito trabalho, hein

Depois, em entrevista coletiva, criticou pesquisas eleitorais que disseram que o adversário venceria.

– Só lamento que essas pesquisas tenha existido. A verdade veio agora nas urnas.

Dada à robustez das provas, é claro que o governador tinha plena consciência, plena convicção dos fatos que foram investigados, apurados pela Polícia Federal.

Repórter:

Em outubro de 2015, quase um ano após a eleição, o coronel Marcos James Frota foi promovido a comandante-geral da Polícia Militar do Amazonas.

Mês passado, após as denúncias, ele pediu afastamento do cargo. Ainda não foi exonerado. E continua com todas as regalias da função. Até a filha, que é dentista, usa um carro do Estado. Aqui, ela aparece fazendo compras.

Repórter:

Estamos chegando na casa do coronel Frota, que é o carro da polícia, que a filha dele usa.

O coronel não estava. Ligamos mais tarde.

Coronel Frota em contato com o repórter, por telefone:

– Olha, assim, eu não queria gravar nada.

E, na sede da PM, ninguém quis falar em nome da corporação.

Em nota, o governo do Amazonas, disse que, se for comprovado que a filha do coronel usou o carro, o oficial poderá responder medidas disciplinares.

Além de Frota, outros cinco coronéis, fora indiciados por compra de votos e associação criminosa:

– Raimundo Roosevelt

– Ewerton Souza da Cruz

– Berilo Bernardino

– Marcos Brandão da Cunha

– Paulo Roberto Vital.

A investigação da PF foi repassada à Justiça Eleitoral e ao Superior Tribunal de Justiça.

– Isso, certamente, será utilizado pelos membros do Tribunal Regional Eleitoral a fim de aferir esse abuso de poder político que foi cometido às claras, na campanha do então governador.

No ano passado, o Fantástico já havia denunciado o esquema de compra de votos feita na campanha de José Melo. Por causa dessa denúncia, em janeiro deste ano, ele foi julgado, condenado e cassado por unanimidade pelo Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas.

Melo recorreu e segue no cargo até uma decisão final tomada pelo Tribunal Superior Eleitoral.

Pedimos uma entrevista com o governador por duas semanas. Ele preferiu se manifestar por e-mail por meio de sua assessoria de imprensa.

A nota afirma que ele jamais teve conhecimento de qualquer ilegalidade.

Fotos: Reprodução/Globo

Fonte: BNC

 

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