G1.9+0.3
Já falamos sobre o Chandra e o VLA, na nossa coluna semanal de Astronomia. Porém, nesta matéria iremos falar sobre G1.9+0.3. O que seja isso? É o remanescente de uma supernova. Com um nome incomum G1.9+0.3 foi classificado sendo do tipo Ia, ou seja, trata-se de uma classe de explosões estelares usada pelos astrónomos para medir a velocidade de expansão do Universo. Os dados coletados pelo Chandra afirmam que a luz de G1.9+0.3 somente surgiu no céu por volta de 110 anos atrás, e não 150 anos como se acreditava antes.

A figura 02, mostra a localização de G1.9+0.3, na constelação de Sagitário, os dados do Chandra revelaram que G1.9+0.3 estava em um região (da Galáxia) onde há muita poeira, a aproximadamente 27.700 anos-luz da Terra. O excesso de poeira, obviamente, impede (ou no mínimo retarda) a chegada da luz visível até nós.
Como fora dito, as supernovas do Tipo Ia fazem o papel de “marcadores” de distância (como se fossem “réguas” espalhadas pelo Universo) e é justamente com o auxílio desse tipo de estrelas que os astrónomos conseguem descobrir se realmente o Universo se expandiu ou não, e em qual taxa o Universo está a se acelerar. [Ou eu deveria escrever: a qual taxa o Universo está a ser acelerado?]
Uma cousa é certa: se realmente há alguma diferença na forma como as supernovas explodem e na quantidade de luz produzida por elas, então, esses factores influenciarão directamente a compreensão actual do termo “expansão do Universo”.
Na Astronomia, há uma certa ”concordância” quando se diz que supernovas do Tipo Ia são oriundas de explosões de anãs brancas (a grosso modo, são o restos densos de estrelas tipo-Sol). A explosão ocorre quando o combustível estelar já foi consumido.
Quando usei o termo “concordância”, eu estava a falar seriamente, pois, o ponto de discórdia concentra-se na discussão que questiona justamente que seria o agente causador destas explosões. Na actualidade, há duas vertentes, saber: a primeira delas afirma que a anã branca tenha acumulado material estelar de uma estrela companheira. A segunda vertente alega que o agente causador é a fusão violenta entre duas anãs brancas.
Recentemente, o Chandra e o VLA examinaram como o remanescente de supernova G1.9+0.3 está a interagir com o gás e a poeira em torno da explosão. Para estudar o assunto, os astrónomos usaram a faixa de rádio e raios-X, haja vista que é neste intervalo de frequências que se pode encontrar as causas das explosões. A análise é muito simples: com o passar do tempo, se o brilho de raios-X e rádio do remanescente de supernova estiver a aumentar, então, a única opção é admitir que de facto houve uma fusão de anãs brancas.
Após anos de pesquisa, os astrónomos – com o auxílio de Chandra e VLA – perceberam que o brilho (seja na faixa de raios-X, seja na faixa de rádio) realmente aumentou. O que leva a Astronomia moderna a ter uma melhor compreensão desse facto, ou seja, as supernovas do tipo Ia tem as possíveis origens:
- Ou são todas provocadas por colisões entre anãs brancas (versão mais aceita);
- Ou são produzidas por uma mistura de colisões entre anãs brancas e o mecanismo pelo qual a anã branca puxa o material da estrela companheira para si.
Excelente, porém, qual o impacto desta descoberta na Astronomia actual? Simples, na práctica significa dizer que os investigadores terão que repensar a maneira na qual estamos a usar os dados das supernovas. Está evidente que a forma actual de cálculo da idade do Universo é inconsistente. E esse ponto precisa ser revisto e melhorado.

Dr. Nélio Sasaki – Doutor em Astrofísica, Líder do NEPA, Membro da AIU, Membro da ST/Brasil, Membro do PLOAD/Brasil, Membro da SAB, Membro da ABP, Membro da SBPC, Membro da SBF, Revisor da Revista Areté, Revisor da Revista Eletrônica IODA, Revisor ad hoc do PCE/FAPEAM, Coordenador do Planetário Digital de Parintins, Coordenador do Planetário Digital de Manaus, Professor Adjunto da Universidade do Estado do Amazonas (UEA).