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Gravação revela funcionários fantasmas em Parintins e transporte ilegal de dinheiro na campanha eleitoral de Carbrás

Alexandre da Carbrás - Prefeito de Parintins

Uma gravação em que possivelmente a chefe da Representação da Prefeitura de Parintins em Manaus, identificada como Cristina Maria dos Santos Gomes Matos, orienta os funcionários lotados naquele órgão [que provavelmente não cumprem expedientes de trabalho], de como procederem em depoimento de instrução no Ministério Público do Estado (MP-AM) sobre a existência de servidores fantasmas da administração do prefeito Alexandre da Carbrás (PSD) em Manaus, mostra o desfecho de outro possível crime praticado na eleição de 2012, como transporte ilegal de dinheiro para campanha eleitoral.

O arquivo com o áudio foi enviado para a redação do Repórter Parintins e será encaminhado para o Ministério Publico do Estado [Comarca de Parintins], Cartório Eleitoral de Parintins e Câmara Municipal de Parintins.

No áudio, Cristina Maria conversa com os funcionários fantasmas, identificados como Dartanhã da Silva, Ana Cláudia e Roberto e informa que eles foram notificados para prestarem depoimento. Cristina disse que uma equipe do MP-AM fez uma vistoria na Representação em Manaus por conta de denúncia no Ministério Público sobre a existência de funcionários fantasmas para saber se, de fato, na representação existia e quem são os funcionários. “Apresentamos tudo que eles pediram, mas com uma pulga atrás da olha, porque diziam que aqui temos funcionários fantasmas”, disse Cristina.

Em um trecho da gravação Cristina orienta como os funcionários devem agir na audiência: “algumas perguntas serão feitas a vocês e a gente possa então falar a mesma linguagem, está na mesma direção, porque, afinal de contas, vocês são sim servidores da Prefeitura Municipal de Parintins e nós não podemos ter falhas a respeito disso. Vocês exercem um cargo de assessor e eu preciso combinar com vocês o que vocês vão dizer, porque várias perguntas vão ser feitas e vocês vão responder somente o que for perguntado”.

Cristina prossegue explicando o que devem dizer sobre as atividades exercidas pelos funcionários da representação, sobre o horário de expediente, como assessoria ao prefeito e até orientou para que os supostos servidores procurem saber o nome completo da chefe da repartição e dos demais servidores para não cometerem o erro de não saberem quem são seus colegas de trabalho.

O desfecho da conversa que a chefe da Representação Cristina Maria dos Santos Gomes Matos e o prefeito de Parintins Alexandre da Carbrás não esperavam foi a apresentação de uma denúncia e revolta de um dos possíveis funcionários fantasmas, de nome Dartanhã, que mora em Coari. Ele disse que se recusava a depor em favor do prefeito Alexandre da Carbrás por ter sido enganado. A representante pergunta se alguém tem algo a falar. Nesse momento Dartanhã pede a palavra e dispara:

“Em primeiro lugar eu moro em Coari. Eu tive um acerto com o Alexandre [Carbrás] e ele não cumpriu comigo esse acerto. Eu estou com ele por aqui, até o gargalo. O meu assunto com ele [Alexandre da Carbrás] foi um assunto muito sério, ele sabe disso. Aí, eu venho atravessado com uma faca aqui com ele até urrar. Então, eu vou me recusar ir [na audiência]. Eu estou fora. Se quiserem me demitir, pode me demitir, não tem problema nenhum. Eu estava esperando justamente esse momento”, revelou Dartanhã.

Cristina intervém e informa que irá participar a decisão de Dartanhã ao prefeito Alexandre da Carbrás. Dartanhã revida novamente: “Ele [Alexandre da Carbrás] sabe o que foi a minha missão com ele na campanha. Foi um negócio muito forte, ele me traiu. Ele, desde quando ganhou não me deu nenhum telefonema. Não cumpriu o acerto que fez comigo, como estava certo. Então, só estava esperando essa hora. Eu sabia que um dia ia acontecer”.

Dartanhã voltou a afirmar que não vai comparecer à audiência do Ministério Público do Estado e revelou o esquema de transporte de dinheiro na campanha de Carbrás em 2012. “Eu estou me recusando a ir porque eu já sei que se eu for lá, eu vou falar tudo o que eu sei. Então, pra evitar problemas, deixa do jeito que está. Eu perdi um emprego no jornal A Crítica de R$ 2.500,00 por causa dele [Alexandre da Carbrás], levando dinheiro pra campanha pra ele, me arriscando no aeroporto com um monte de filhos e aí o cara vem falhar comigo. Aí, eu ainda vou ter que estar indo na justiça, tá dando depoimento, então eu estou fora”, finalizou.

O prefeito Alexandre da Carbrás, em contato com a reportagem, disse que o Ministério Público esteve na representação e não constatou nada. “Se alguém denunciar tem que provar. Mas até onde eu sei não tem. Se eu tivesse conhecimento as providências seriam tomadas. Investigar é uma prerrogativa do Ministério Público e se isso acontecer é natural”, frisou Carbrás.

Marconde Maciel | RP

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