HR 8799
Cintura de Kuiper, essa você já conhecia. O que você não sabia, ainda, é que há uma cintura de cometas. Com o auxílio do observatório ALMA, vide figura 01, os astrónomos obtiveram a primeira foto em alta resolução da cintura de cometas.
A forma do disco de poiera é incompactível com as órbitas planetárias conhecidas, facto que leva-nos a pensar em duas possibilidades, a saber: ou os planetas mudaram de posição (de maneira não esperada) com o passar do tempo ou há ao menos mais um planeta a ser descoberto.

Segundo a equipa de astrónomos envolvida nesta pesquisa: “Estes dados permitem-nos ver, pela primeira vez, a margem interna de um disco.” Quando se comparam estes dados aos estudos da interacção entre planetas e disco, a observação mostra-nos que ou os planetas que estamos a ver já tinham órbitas diferentes no passado, ou há ao menos um outro planeta no sistema – talvez ele seja muito pequeno e por isso ainda não foi detetado.

Neste caso, o disco planetário é produzido pelas colisões de fragmentos de cometas, fenómeno que ocorre nos limites daquele sistema estelar. Outro dado importante diz respeito ao tamanho do disco planetário que cobre uma região entre 150 a 420 vezes a distância entre a Terra e o Sol.
O sistema estelar da figura 02 encontra-se, aproximadamente, 128,51 anos-luz de distância da Terra. Ou seja, se lançássemos um feixe de luz cá da Terra, o mesmo chegaria até HR 8799 quase 129 anos depois. Apesar da distância, o ALMA conseguiu fazer as imagens da emissão de pedaços de detritos (milimétricos) no disco. Segundo os astrónomos, envolvidos nesta pesquisa, o pequeno tamanho destes grãos de poeira sugere que os planetas naquele sistema estelar sejam maiores que Júpiter.
Até o momento, esse é o único registo feito por um telescópio. Neste sentido, não está claro se as observações anteriores falharam devido à baixa resolução ou se falharam devido à escolha de diferentes comprimentos de onda, os quais são sensíveis aos diferentes tamanhos dos grãos – eis a razão de serem distribuídos de forma bem peculiar.
HR 8799 é uma jovem estrela com cerca de 1,5 vezes a massa do Sol e localiza-se na direcção da Constelação de Pégaso.
Feito o registo de um sistema multiplanetário com poeira em órbita, espera-se que as informações da figura 02 possam ajudar aos astrónomos na compreensão sobre como se deu a formação e dinâmica do Sistema Solar.

Dr. Nélio Sasaki – Doutor em Astrofísica, Líder do NEPA/UEA/CNPq, Membro da SAB, Membro da ABP, Membro da SBPC, Membro da SBF, membro da UAI, membro da PLOAD/Brasil e ST/Brasil, Revisor da Revista Areté, Revisor da Revista Eletrônica IODA, Revisor ad hoc do PCE/FAPEAM, Coordenador do Planetário Digital de Parintins, Coordenador do Planetário Digital de Manaus, Professor Adjunto da Universidade do Estado do Amazonas (UEA).