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Infectologistas paraenses acreditam que médico de Parintins teve recrudescimento de Covid-19

Foto: Divulgação.

Parintins (AM) – Infectologistas do Pará dizem não haver evidências científicas para comprovar a possibilidade de reinfecção pela Covid-19. Os especialistas dão essa explicação, ao avaliarem o caso do anestesista Daniel Tanaka, diretor clínico Hospital Dr. Jofre Matos Cohen, em Parintins, a partir da reincidência do coronavírus, constatada por exames, na semana passada.

O médico sentiu sintomas como dor no peito, testou positivo para Covid-19 e entrou em isolamento, no dia 26 de abril. Daniel Tanaka passou 10 dias assintomático em isolamento e voltou a trabalhar no enfrentamento à pandemia, em 11 de maio. Um mês após o primeiro diagnóstico, uma tomografia feita em Parintins revelou 15% de lesões agudas no pulmão compatíveis com a doença.

Um novo exame realizado em São Paulo, onde Daniel Tanaka encontra-se internado, já mostrou 30% do pulmão comprometido, no dia 30 de maio. Nesse mês, o médico atuou menos de duas semanas no Hospital Jofre Cohen e aponta como fator de complicação o excesso da exposição à altas cargas virais durante os procedimentos com pacientes graves.

Afastado do ofício pela segunda vez, o anestesista recebe o mesmo tratamento clínico para coronavírus utilizado pelo sistema de saúde de Parintins, agora no Hospital do Coração, sob os cuidados da Dra. Leda Lotaif, médica conhecida da família. Os sintomas da doença como fadiga no corpo reapareceram em Daniel Tanaka, no dia 23 de maio.

Sobre o caso de uma eventual reinfecção, a infectologista Marília Xavier explica que, no momento, não há indícios de isso ser possível. “As pesquisas, até agora, não evidenciam reinfecção e, sim, recrudescência do quadro. É reaparecimento de sintomas indicando que o paciente não estava completamente recuperado da doença”, diz.

“Hoje, a comunidade científica não admite reinfecção, exceto se houvesse uma grande mutação viral”, comenta a infectologista Vanessa Santos. “Acreditamos que a recrudescência dos sintomas possa ocorrer na Covid-19. Estaria relacionada às doenças de base do paciente, uso de corticoides e infecções bacterianas associadas”, acrescenta.

A infectologista Helena Brígido também comenta sobre esse caso denominado de ‘reinfecção’ com novas manifestações clínicas, após início do quadro da Covid-19. “É preciso observar parâmetros não citados. Os dados não permitem afirmar que houve reinfecção. Após 32 dias com IgM reagente, foi relatado reaparecimento dos sinais e sintomas”, esclareceu.

“Isso é recrudescência, não nova infecção. A Covid-19 é uma doença aguda inflamatória, metabólica sistêmica. O processo foi mantido ou reativado”, afirma a especialista paraense a respeito do caso do médico Daniel Tanaka. A recrudescência é a remissão de sinais e sintomas de uma doença, após declínio temporário do quadro clínico.

Entretanto, o doutorando em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários pela Universidade Federal do Pará (UFPA), Yuri Willkens, conta que a reinfecção pode ser possível. “O que se observou para outros coronavírus que foi no caso do primeiro surto de SARS de 2003 e MERS de 2012, é que para essas duas a imunidade durava cerca de dois anos”, descreveu.

“Depois, esses anticorpos específicos para o vírus diminuíam no corpo. Não sabemos se essa imunidade para é imediata, se vai ser duradoura ou não, porque, é muito recente, mas é possível sim. Uma coisa que pode acontecer é que a pessoa durante o processo de cura vai fazer os testes e o teste pode dar positivo para a presença de vírus”, afirmou.

Para Yuri Willkens, na verdade, são resquícios que sobraram do processo de cura e não significa o vírus ativado no corpo. “O retorno dos sinais clínicos, já é um indício de que pode haver reinfecções. A gente não sabe se é muito comum, se vai ser frequente, nem se a imunidade será duradoura. Ainda não é consenso no ponto de vista científico”, ressalta o pesquisador.

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