K2-18b e a expectativa de Astrobiólogos
A notícia deixou a comunidade científica bem otimista. E não é para menos, K2-18b é o primeiro planeta, fora do sistema solar e dentro da zona de habitabilidae, a apresentar assinaturas de vapor de água na atmosfera. Mas, antes de continuar este assunto, vejamos mais informações sobre esse exoplaneta?

A figura 01 mostra o sistema estelar K2-18, localizado na constelação de Leão a 110,8 anos lus de distância. A faixa esverdeada na figura 01 é a zona habitável daquele sistema planetário. Aliás a estrela-mãe é K2-18, possui características bem peculares, por exemplo: o seu raio é 41% do raio do nosso Sol, Z < 0,10 e m= 22 (resumindo: uma anã vermelha).

Entre as propriedades físico-químicas do exoplaneta K2-18, sublinha-se sua temperatura de equilíbrio – cujo valor aproxamado é de 265K. Ou seja, muito próxima ao do valor da temperatura de equilíbrio do planeta Terra (257 K). E esse dado é particularmente importante, haja vista que essa grandeza física é determinante na existência de água no estado líquido e de, uma possível, existência de moléculas orgânicas complexas. Isto é, factores necessários para o surgimento da vida tal qual nós conhecemos cá na Terra.
Comparando-se a Terra e K2-18b, notamos cores e tamanhos diferentes. Entretanto, a irradiação recebida por K2-18b é de 1.441 W/m2 ao passo que a da Terra é de 1370 W/m2.

Apesar das coincidências, ao observarmos a figua 03, notamos que o raio de K2-18b é bem maior que o terrestre. Esse facto levantou suspeitas se o exoplaneta realmente seria rochoso. Esta pesquisa está a ser desenvolvida pelos astrónomos do CSED – da Universidade de Londres [do inglês: Center for Space Exochemistry Data – University College London] – e os mesmos estão a averiguar se K2-18b seria realmente rochoso ou uma versão reduzida de um planeta tipo- Neptuno. Um grande problema pela frente: caso K2-18b seja gasoso, a hipótese de haver água líquida na superfície exoplanetária é descartada. Por outro lado, se for confirmado que K2-18b seja um planeta tipo-Terra, então, o exoplaneta se tornará o primeiro fora do sistema solar a ter água líquida na superfície.
Outro incoveniente é a alta actividade da estrela-mãe de K2-18b, tornando a vida no exoplaneta bem mais infensa do que aquela conhecida cá em nosso planeta. Isto é, o exoplaneta recebe bem mais radiação altamente energética que a Terra. Como se não bastasse, a gravidade de K2-18b é bem superior à do planeta azul do sistema solar. Sim, o exoplaneta tem aproximadamente oito (08) vezes a massa terrestre. O campo gravítico aumenta consideravelmente.

Por fim, a primeira análise da atmosfera de K2-18b revelaram também traços de metano, óxido de carbono, anidridro carbónico e amoníaco. Ou seja, compostos mais complexos cuja existência anima a comunidade de Astrobiólogos. Este é o debate do momento no meio astronômico. Vale salientar que as técnicas empregadas para o estudo de K2-18b são as mesmas que o NEPA está a implementar na Iniciação Científica em Astronomia. Aliás, o artigo publicado pela equipa de astrónomos de Londres, reforçam a importância dos estudos que o Amazonas está a fazer. Claro, Londres possui uma equipa completa. Nosso estado está a começar as investigações agora. Mesmo assim, é importantíssimo o domínio das técnicas empregadas neste estudo. Quanto às espectativas, são as melhores possíveis. Afinal, aos poucos estamos a descobrir planetas cada vez mais similares ao nosso. Este cenário ajuda-nos a entender melhor a evolução da vida cá na Terra e a repensar o que será da Terra se continuarmos no caminho que estamos. Para mim, a cada descoberta semelhante a esta, é uma grande oportunidade para refletirmos a respeito de todos os processos que nosso planeta já passou até chegar ao cenário actual. Quanto aos compostos complexos, a presença dos mesmos é um bom sinal. Porém, não estão claros os fenómenos climáticos presenciados no exoplaneta K2-18b.
Dr. Nélio M. S. A. Sasaki
Núcleo de Ensino e Pesquisa em Astronomia (NEPA)