Kepler 11145123
Há quem ache que as estrelas são perfeitamente esféricas, facto que não é bem assim. A sua forma esférica dependerá muito de outros factores, entre eles da força centrífuga. Aliás, é devido à essa força que as estrelas se tornam mais “achatadas”.
Todas as estrelas, sem exceção, incluindo o nosso Sol – são achatadinhas. Bem, isto estava a valer até pouco tempo atrás. Actualmente, os astrónomos descobriram uma estrela denominada Kepler 11145123 (ver figura 01) que está a girar lentamente no espaço. Esta estrela está localizada a 5 mil anos-luz da Terra e sua cor é azul, ou seja, é uma estrela muito quente.
Após medirem o achatamento estelar, os astrónomos notaram que a diferença entre o raio equatorial e o raio polar de Kepler 11145123 é de 3 km, valor irrisório quando o comparamos com o raio médio estelar que é de 1,5 milhões de quilómetros. O que isso significa na prática? Significa que Kepler 11145123 é a estrela mais arredondada que temos até o momento.
Alto lá, mas o nosso Sol é menor, então, porque ele se deforma tanto? Temos que lembrar que todas as estrelas estão a girar, algumas em maior e outras em menor velocidade, mesmo assim, todas estão em rotação. Quando eu falo que e estrela está em rotação, significa: a estrela irá se deformar, isto é, sofrerá achatamento. Quanto mais rápida for a rotação, mais achatada a estrela ficará.
O Sol, nosso Astro-rei, gasta 27 dias para dar uma volta em torno de si. O raio solar é dez unidades maior no equador do que nos pólos.
No caso de Kepler 11145123, cuja massa vai além do dobro da massa solar e cuja rotação é três vezes mais lenta do que a rotação do nosso Sol, foram uma grata surpresa os valores medidos.
Para medirmos a diferença entre os raios equatorial e polar, temos que coletar os modos de oscilação a baixas frequências e, em seguida, aqueles a altas frequências. Ao subtrairmos as medidas, chegamos ao resultado de 3 km com uma precisão, na medida, de 1km.
Uma visão crítica deste trabalho leva-nos a fazer algumas observações, citaremos apenas duas, a saber:
- Você certamente observou que ao longo do texto foi usado o termo “baixa rotação”, pois, se a estrela está a girar lentamente, por certo a força responsável pela deformação será fraca, quase irrisória.
- Outra maneira de explicar o formato quase perfeitamente redondo da Kepler 11145123 seria através do electromagnetismo. Mas neste caso, não há um mapeamento claro e preciso da vizinhança
Em ambas as situações, o caminho seguido pela Astronomia está bem delineado. A questão agora é: temos outras estrelas igualmente esféricas no espaço? Quais as consequências desta propriedade? São indagações que precisam de respostas e certamente as teremos brevemente.
Dr. Nélio Sasaki – Doutor em Astrofísica, Líder do NEPA/UEA/CNPq, Membro da SAB, Membro da ABP, Membro da SBPC, Membro da SBF, membro da UAI, membro da PLOAD/Brasil e ST/Brasil, Revisor da Revista Areté, Revisor da Revista Eletrônica IODA, Revisor ad hoc do PCE/FAPEAM, Director do Planetário Digital de Parintins-NEPA/UEA/CNPq, Director do Planetário Digital de Manaus-NEPA/UEA/CNPq, Professor Adjunto da Universidade do Estado do Amazonas (UEA).