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“Não me aposentei”, diz Mauri König, que lança coletânea de grandes reportagens

Crédito: Editora Cursiva

O terceiro jornalista brasileiro mais premiado da história, Mauri König, lança pela Editora Cursiva, em outubro, o livro: “Nos bastidores do mundo invisível”, um compilado com 18 de suas principais reportagens publicadas em diferentes veículos do país no período entre os anos 2000 e 2016.

A obra conta ainda, todo o processo de elaboração das matérias, aproximação das fontes, questionamentos éticos e detalhes sobre as consequências das publicações. Como a tortura que sofreu no Paraguai, as ameaças da Polícia Civil que o fizeram mudar de cidade em uma ocasião e deixar o país em outra e, as duras investidas de um traficante.
“Todas as reportagens em que eu recebi ameaças estão no livro, incluí até como uma forma de alerta, pois tenho a pretensão de que ele tenha o valor didático de mostrar até onde podemos ir por uma reportagem”, defende. Uma das passagens presentes na obra é a abordagem nada amistosa de um traficante pelo Facebook. “Ele me abordou no inbox e interagi com ele durante três dias para ver se eu devia ou não acreditar nas ameaças, até que me dei conta que deveria parar de brincar com o perigo”, conta.
Mas o critério para escolher apenas 18 entre mais de uma centena de reportagens de impacto assinadas por König não foi fácil. “Bem, 14 delas tiveram reconhecimento por premiações nacionais ou internacionais. Isso me balizou para identificar as que tiveram mais aceitação. Mas também tem ali quatro que são a continuação de um trabalho e que me deram satisfação na produção, me levaram a refletir sobre quem nós somos como seres humanos”, diz.
Cursando mestrado em jornalismo pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e lecionando nas Faculdades Uninter, König faz planos para retornar às investigações. “Não me aposentei, depois de concluir o mestrado vou voltar ao jornalismo diário”, afirma entusiasmado. O ambiente acadêmico o tem colocado em contato direto com novas cabeças. “Quero contaminar a moçada com o vírus delicioso do jornalismo e, o livro é uma maneira de resgatar a efemeridade da reportagem, que muitas vezes tem prazo de validade. Pensando nisso, tentei resgatar as que tiveram grande valor em algum momento da história, para mostrar aos jornalistas que estão começando que nosso trabalho provoca mudanças”, comenta.
Na série “Polícia Fora da Lei” retratada no livro, König contou com o apoio dos jornalistas Felippe Aníbal, Diego Ribeiro e Albari Rosa. E conta que em alguns momentos ficaram receosos da real intenção da fonte. “Avaliamos que havia interesse pessoal por trás das revelações, era algo mesquinho, uma vingança. Debatemos muito durante o processo de produção sobre a nossa postura ética. O tema, no entanto, se revelou de interesse público, estava muito acima do interesse particular e decidimos avançar na investigação e publicar o material. Eu sempre digo aos meus alunos: desconfiem das suas fontes. Temos que saber se as razões dela são legítimas e que vai haver algum interesse do informante”, aponta.
Do Portal Imprensa
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