NGC 6613
A imagem da figura 01 resume bem o conceito de “cenário perfeito” para o estudo da vida e morte estelar. No enxame estelar NGC 6613, podemos notar a presença de estrelas que estão a se formar, simultaneamente, a partir da mesma nuvem massiva de gás e poeira (referimo-nos aos pontinhos azulados na figura 01). Por outro lado, as nuvens vermelhas são de hidrogénio brilhante e os filamentos escuros são poeira. Todos esses detalhes foram registados pelo VLT Survey Telescope, que encontra-se no Observatório do Paranal, no Chile.
A NGC 6613 está a aproximadamente 4,6 mil anos-luz de distância da Terra. Ela apresenta muitas estrelas gêmeas em sua composição, as quais estão ligadas através da força gravítica, o que lhe confere a alcunha “enxame aberto”. Para encontrá-la, basta procurarmos pela constelação do Sagitário, conforme mostrado na figura 02.
Estima-se que há mais de 1 mil enxames estelares abertos em nossa Galáxia – a Via Láctea. Neste espaço amostral, também há diversos tamanhos e idades, sinais que indicam aos astrónomos como as estrelas se formam, evoluem e morrem. A figura 02 mostra a localização de NGC 6613.
Como dissemos acima, os pontinhos azulados (e os branquinhos também) dizem respeito às estrelas muito jovens – suas idades são em torno de 30 milhões de anos.
Um detalhe importante é que a formação estelar, em geral, dá-se de forma colectiva. Isto é, as estrelas são formadas a partir da mesma nuvem de gás que está a colapsar sobre si devido à força gravítica. Uma vez completada esta etapa, a nuvem molecular – formada pela nuvem de gás e poeira – e que está ao redor das estrelas recém-formadas, é “soprada” várias vezes por ventos estelares fortíssimos. Facto que enfraquece as correntes gravíticas que unem as estrelas. Com o avançar do tempo, as estrelas pouco ligadas acabam por seguir outro caminho, ou seja, elas seguem outras estrelas e/ou nuvens massivas de gás que estão a puxá-la com mais intensidade.
Acreditamos que o nosso Sol tenha participado de um enxame parecido ao NGC 6613 em um passado muito distante, ao menos até que as demais estrelas circunvizinhas tenham sido distribuídas ao longo da Via Láctea.
Dr. Nélio Sasaki – Doutor em Astrofísica, Líder do NEPA/UEA/CNPq, Membro da SAB, Membro da ABP, Membro da SBPC, Membro da SBF, membro da UAI, membro da PLOAD/Brasil e ST/Brasil, Revisor da Revista Areté, Revisor da Revista Eletrônica IODA, Revisor ad hoc do PCE/FAPEAM, Coordenador do Planetário Digital de Parintins, Coordenador do Planetário Digital de Manaus, Professor Adjunto da Universidade do Estado do Amazonas (UEA).