OMC-1
Normalmente, associamos a supernovas explosões estelares, ou seja, o processo da morte estelar pode ser caracterizado como sendo muito violento e explosivo. Recentemente, uma equipa de astrónomos coletou informações sobre o complexo da Nebulosa de Orionte. E, com o auxílio do ALMA, uma tese na qual os adjectivos usados para a morte estelar também caberiam para o nascimento das estrelas está a ser lançada.
Na figura 01, temos o Enxame do Trapézio e suas belíssimas estrelas jovens e quentes (base da figura) e uma imagem que lembra a fogos de artifício (logo ao centro). E justamente tais “fogos de artifício” são as evidências de que a formação de estrelas pode ser um processo igualmente violento e explosivo.

Para entendermos tudo isso, vamos fazer uma breve recapitulação: em geral, associam-se à fase final, da vida de uma estrela, as explosões estelares. Claro, temos que levar em consideração também outros parâmetros, mas, no caso mais simples, vamos incluir somente a dependência funcional com a massa estelar.
O que essa equipa fez? Ela estava a trabalhar com o ALMA e acabou por registar sinais de explosões estelares. A novidade foi ter encontrado tal registo justamente na fase de nascimento estelar. Mas não foi algo casual, afinal, a equipa de investigadores já estava a pesquisar os restos do nascimento de um grupo de estrelas massivas. O que mudou? Com essa nova informação, aparentemente, a formação das estrelas é um processo bem mais dinâmico do que aquele apresentado no modelo antigo.

Diga-se de passagem, a Nuvem Molecular de Orionte 1 (também denominada por OMC-1) é uma região formada por estrelas densas e activas. Localizada a 1350 anos-luz, a OMC-1 é integrante da Nebulosa de Oriente.
A força gravítica é a responsável pelo nascimento das estrelas, haja vista que sua acção provoca o agrupamento das nuvens de gás e resulta na formação de estrelas muito massivas (ou seja, algo da ordem de centenas – ou até mesmo milhares – de vezes a massa do nosso Sol). Pode acontecer que a protoestrela tão logo se afogueie, comece a perambular sem destino certo. Em outro caso, em que a recém-estrela se formou nas vizinhanças de estrelas massivas, pode acontecer a “queda” subsequente da recém-estrela em direcção a um centro gravítico comum (determinado pela estrela com maior massa). Também, ainda na fase inicial de suas vidas, as estrelas podem estar envolvidas em impetuosas colisões.
Estimou-se que, aproximadamente 100 mil anos atrás, inúmeras estrelas estavam em processo de formação ainda no interior da Nuvem Molecular de Oriente 1 (OMC-1). Mais uma vez, com a acção da força gravítica as estrelas recém-formadas, paulatinamente, estavam a se aproximar. E consequentemente, duas delas se acharam “face a face”. Não ficou claro se houve, de facto, uma colisão ou apenas se tocaram.
O certo é que a aproximação demasiada entre elas provocou uma erupção capaz de lançar para o espaço interestelar várias protoestrelas próximas, além de, centenas de correntes desmedidas – de gás e poeira. Além disso, tais correntes apresentaram velocidades que facilmente superaram a marca de 150 km/s. Com uma velocidade destas, a energia liberada equivale à quantidade emitida pelo nosso Sol ao longo de 10 bilhões de anos.
Neste contexto, os vestígios de explosão (que lembram a fogos de artifício) mencionados na figura 01 é de suma importância para a compreensão da formação das estrelas. Na análise daqueles vestígios, a equipa de astrónomos certificou que há descomunais correntes de matéria vindo daquela região e que estas estão a mirar em todas as direcções.
Estima-se também que as explosões na fase “embrionária” sejam de curta duração, não ultrapassando a marca de alguns séculos. Apesar da “curta” duração, hoje, é consenso entre os astrónomos que explosões daquele tipo talvez sejam muito corriqueiras.
Por fim, graças à nitidez das imagens do ALMA, saltam aos nossos olhos a natureza explosiva desse “encontro” estelar. De igual maneira são notórios os movimentos (à alta velocidade) do gás monóxido de carbono (CO) presente no interior das correntes materiais. Não há dúvida que estes factos contribuirão para a compreensão destas explosões e dos impactos ocorridos durante a formação estelar.