Oposição Planetária – parte 1
Sempre que o Sol, a Terra e outro planeta encontram-se alinhados, denominamos a este evento de Oposição. Desta forma, há dois tipos possíveis de oposição, a saber: afélica e periélica. Para ilustrar o que fora dito, consultemos a figura 02, logo abaixo.
Denominamos, portanto, oposição afélica quando o planeta encontra-se no afélio. Ou seja, quando o planeta encontra-se mais afastado do Sol. Ao contrário, quando ele se encontra mais perto do Sol, chamamos de oposição periélica.
Alguns dias atrás, Saturno (27/06/2018) e Marte (27/07/2018) estiveram em oposição. O que permitiu aos astrónomos a observação mais detalhada de ambos os planetas. E a pensar nesta proximidade, uma equipa de astrónomos da NASA/ESA decidiram usar o Telescópio Espacial Hubble para fazer um registo de ambos os planetas. Diga-se de passagem, que, desde o início de suas actividades, um dos objectivos do Hubble é o estudo dos planetas do Sistema Solar.
Uma das vantagens do Telescópio Espacial Hubble é sua alta resolução nas imagens captadas. Facto que pode ser vencido somente por sondas que estão bem próximas aos planetas. Entretanto, o Hubble consegue fazer registos dos planetas do Sistema Solar por um período maior que qualquer sonda.
Na figura 02, acima, a qual exemplifica o conceito de oposição planetária vale sublinhar que a Terra está entre o Sol e outro planeta. Ao longo deste evento, o outro planeta fica totalmente iluminado pelo Sol – ao considerarmos um observador cá na Terra. Somado a isso, é exatamente neste ponto em que o outro planeta e a Terra estão mais próximos. Ao fazermos os cálculos, das datas de oposição e aproximação planetárias, temos que considerar entre outros factores: a influência da órbita elíptica dos planetas e o facto de as órbitas não serem coplanares*. [*coplanar= termo usado quando as órbitas estão no mesmo plano]
A figura 03 é um registo de Saturno feito pelo Telescópio Espacial Hubble. Na imagem, nota-se da esquerda para a direita a presença de seis de seus satélites naturais, a saber: Dione, Encélado, Tétis, Jano, Epimeteu e Mimas. Claro, trata-se de uma composição de imagem, haja vista que tanto o planeta quanto seus satélites naturais estão a mover ao longo da exposição. Na data daquela foto (06/06/18) Saturno e Terra estavam distantes 1,4 mil milhões de quilómetros um do outro. O sistema de anéis de Saturno encontrava-se próximo da sua inclinação máxima em direcção ao planeta Terra. Facto que permitiu a observação do hexágono no pólo norte do senhor dos anéis, além, da observação minuciosa da divisão entre os anéis. Valem-se ressaltar que todos os planetas gasosos do Sistema Solar possuem anéis, entretanto, os de Saturno são maiores e chegam a alcançar uma distância oito vezes maior que o raio do planeta. O senhor dos anéis também possui um elevado número de satélites naturais (mais de 62 satélites naturais) – na figura 3, somente seis (06) destas podem ser notadas.
A teoria mais aceita na Astronomia é que, aproximadamente 200 milhões de anos no passado, um satélite natural de Júpiter tinha se desintegrado. E, então, dado início à formação do sistema de anéis que observamos na actualidade.
O telescópio espacial Hubble também fez um registo de Marte, ver figura 05, na qual se nota uma colossal tempestade de areia a envolver todo o planeta vermelho. A altura de 27/07/2018, Marte atingiu sua maior aproximação com a Terra – algo da ordem dos 57,6 milhões de quilómetros de distância entre os planetas. Ainda na figura 05, podemos observar seus dois satélites naturais, a saber: Deimos e Fobos.
A figura 06 está a sublinhar Marte em duas oposições, uma em 2016 e outra em 2018. Na imagem à esquerda, embora Marte esteja nublado podemos identificar o vulcão Syrtis Major (hoje inactivo), a brilhante bacia oval Hellas Planitia, Arabia Terra e as enegrecidas Sinus Sabaeous e Sinus Meridiani, próximas ao equador marciano. Porém, na imagem de 2018, apesar de uma tempestade global de areia, podemos identificar as calotas polares (pontos mais esbranquiçados), Terra Meridiani, a Cratera Schiaparelli e Hellas Basin, as quais estão obscurecidas devido à tempestade de areia.
Evidentemente, as imagens actuais -de Saturno e Marte- somadas aos antigos registos e aqueles das sondas espaciais permitem o estudo da variação temporal dos padrões de nuvens e das estruturas em grande escala em outros planetas do Sistema Solar.
Dr. Nélio M. S. A. Sasaki
Coordenador do Núcleo de Ensino e Pesquisa em Astronomia – NEPA