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Pesquisadora de Harvard conta trajetória do artista parintinense Freyzer, da Boca da Valéria  

Foto: Divulgação

Por Gerlean Brasil

Parintins (AM) – O artista parintinese, Freyzer, estará em uma das edições da ReVista Harvard Review of Latin America, publicada três vezes por ano. Em fevereiro de 2020, a renomada pesquisadora canadense PhH. pela Universidade de Nova York, Tommie Sue, entrou em contato com a assessoria do parintinense para comunicá-lo e solicitar autorizaçao para incluir a trajetória do talentoso artista amazonense ao redor do mundo.


A ReVista concentra-se em diferentes temas relacionados à América Latina, reúne diferentes vozes sobre cada tema, destaca o trabalho do corpo docente de Harvard, estudantes, ex-alunos e Visiting Scholars. Com a instituição-matriz, o David Rockefeller Center de Estudos Latino-Americanos de Harvard, promove a cooperação e o entendimento entre o povo das Américas.

A publicação de artigos acadêmicos, em suas páginas, busca contribuir para a democracia, o progresso social e o desenvolvimento sustentável e estimular o diálogo sobre essas questões

Tommie Sue Montgomery mora na América Latina desde 1976. Pesquisou por 25 anos em El Salvador e é autora de três livros e inúmeros artigos sobre o país. Pesquisas relacionadas incluíram exames de religião e política na América Central, política externa dos Estados Unidos da América (EUA) na região, refugiados da América Central e o processo de paz em El Salvador, inclusive o papel da Organização das Nações Unidas (ONU).

A pesquisadora residiu no México, Belize, Nicarágua e Argentina, onde recebeu três Fulbrights. Em 2013, foi homenageada no Wesleyan College, na Geórgia, por “Distinguished Achievement in a Profession”. Desde 2005, Tommie Sue palestras sobre a América Latina, Canadá e EUA, os vikings e a Islândia, em navios de cruzeiro de Vancouver a Cape Horn, na Amazônia, no Caribe e através do Atlântico.

Em 2014, publicou “Navigating em Machu Picchu: um breve guia para planejar e tirar o máximo proveito da sua viagem” (Amazon). Uma segunda edição em 2016 e uma terceira edição em 2017, com as regras mais recentes para visitantes.

Características do artista

Freyzer é um artista parintinense que viaja pelo mundo apresentando obras nas áreas dedicadas à desenho, pintura e gravura. É considerado um dos artistas mais talentosos do país, conhecido por um retrato contemporâneo executado por meio de desenhos em papel e pinturas em telas.

Talvez mais do que qualquer outra coisa, para ele, a arte  é definida por uma relação simbiótica profundamente enraizada entre desenho e pintura. Nascido em 1987, na comunidade da Valéria, zona rural de Parintins, Freyzer foi exposto ao mundo de desenho e pintura através de revistas deixadas por turistas de navios de cruzeiro que visitavam a comunidade há mais de 35 anos.

Aos 12 anos, Freyzer já produzia os primeiros desenhos para visitantes em  exibição às margens do Rio Amazonas, na Boca da Valéria, primeiro roteiro de navios de cruzeiro no Amazonas, localizado na Serra de Parintins.

No decorrer do tempo, aos 16 anos, foi para Parintins e logo ingressou na Escola de Arte do Boi-Bumbá Caprichoso Irmão Miguel de Pascalle, onde começou a usar parte do tempo para aperfeiçoar os trabalhos. A medida que buscava a identidade artística, logo foi progressivamente tornando seu meio preferido e sua prioridade.

Freyzer, em 2005, na comunidade da Valéria na preparação de pinturas para exibição aos turistas

Apos esse período, Freyzer volta para a comunidade de origem em busca de  tornar-se um artista profissional reconhecido. O artista sempre acreditou que a Boca da Valéria lhe traria oportunidades de reconhecimento no mundo da arte, devido ser um porto turístico de âmbito internacional.

Hoje, cada uma das obras de Freyzer oferece um ponto de entrada para variedade e riqueza que estão por baixo de cada rosto que se encontra na vida. A mistura de técnicas entre gêneros é uma exibição do trabalho do artista em várias mídias, todas com sobreposição visível.

As pinturas começam com linhas abstratas e faixas de cores que estabelecem uma base para a imagem subsequentemente sobreposta de um rosto ou busto – na maioria dos casos representada por modelos. Para Freyzer, a mulher simboliza a identidade híbrida, dentro de um contexto que reflete a construção desintegradora no mundo cada vez mais globalizado.

O trabalho é carregado com precedentes históricos e estéticos; claramente focados no diálogo entre o abstrato, figurativo e o expressivo. Freyzer traduz, assim, a própria compreensão da identidade, a partir de imagens em seus arredores diários.

Para ele, o que está sob um rosto é infinitamente mais intrigante do que sua superfície impassível pode sugerir.  Freyzer especula sobre os enigmas, observando que as identidades e as histórias são estóicas do cotidianas das pessoas por trás das fachadas, concluindo como são moldados – e posicionados por identidade através dos visuais contemplados em seus desenhos e pinturas.

Uma das atuais obras pintadas pelo artista parintinense que retrata a face feminina

Para o artista, observar de perto essa fluidez, desafiando estereótipos físicos simplistas, baseados em raça, representa uma sucessão de personagens, dinâmicas e multifacetadas. Observando a tensão entre abstração e representação, onde há um senso de unidade transmitido pelos retratos de Freyzer, com a multiplicidade de representações parciais ou fragmentadas servindo para criar uma imagem holística nos olhos da mente.

A psicologia nos diz que, frequentemente, aquilo que parece obscuro pode, de fato, servir para revelar, implicar e iluminar. Freyzer convida o observador a contemplar os segredos que desmentem esses rostos ostensivamente inescrutáveis. As pessoas que ele desenha ou pinta possuem uma qualidade particular que apela à sua sensibilidade visual.

Apesar de manter toda a sua austeridade e estética pacífica, as figuras de Freyzer permanecem altamente carregadas com a energia emotiva e gestual de seu processo criativo. Sediado em Oviedo, Norte da Espanha, o processo de Freyzer como artista, hoje, permanece adaptável, inventivo. Com isso, alcançou sucesso  incluindo exposições nas companhias de cruzeiros mais luxuosas do mundo como: Crystal Cruises, Silverseas, Holland America Line, Celebrity Cruises, etc.

Seu trabalho continua a inspirar e cativar as mentes de novatos e especialistas em arte, em especial da Europa. Nos últimos sete anos, o artista estabeleceu um número considerável de seguidores internacionais, com colecionadores em Mônaco, Grécia, Estados Unidos e Noruega.

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