Quem são os mortos da onda de violência na região do Rio Abacaxis
De oito mortos na cidade de Nova Olinda do Norte, seis já foram identificados e enterrados. Onda de violência na região acontece em meio a operação contra o tráfico de drogas. Relatos de moradores apontam violência policial.
Uma onda de violência e confrontos na região do Rio Abacaxis, em Nova Olinda do Norte, a 134 Km de Manaus, já resultou no assassinato de pelo menos oito pessoas até esta segunda-feira (17).
Um indígena, um casal de ribeirinhos, um adolescente e dois policiais militares estão entre as vítimas. Dois corpos ainda não foram identificados e, segundo a Polícia Federal, que investiga denúncias de tortura e abusos policiais, há pelo menos cinco pessoas desaparecidas na região.
A Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) declarou, por meio de nota, que está acompanhando as denúncias e que já abriu inquéritos sobre todas as mortes.
A operação teve início na cidade no dia 3 de agosto, depois que o secretário executivo de Estado, Saulo Moysés Rezende Costa, foi atingido por um disparo no dia 24 de julho, no Rio Abacaxis. Segundo a SSP-AM, o objetivo é desarticular uma organização criminosa, que atua na região com a prática de tráfico de drogas, ameaças, homicídios e crimes ambientais.
Segundo relatos de moradores da região, as agressões começaram depois da morte dos dois policiais, no dia 3. A Polícia Federal está em Nova Olinda para investigar as denúncias de que moradores estariam sofrendo tortura e abusos por parte da Polícia Militar.
Um manifesto, assinado nesta segunda-feira (17) pela Arquidiocese de Manaus e outras 50 instituições e movimentos sociais, pede a retirada da Polícia Militar da região.
Veja quem são as oito pessoas assassinadas na região
Márcio Carlos de Souza
O cabo Márcio Carlos de Souza foi morto durante um ataque de criminosos, no Rio Abacaxis, durante o primeiro dia de operações. Ele fazia parte da Companhia de Operações Especiais (COE), e, segundo a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), foi assassinado no dia 3 de agosto.
Manoel Wagner Silva Souza
Manoel Wagner Silva Souza era 3º sargento da Polícia Militar do Amazonas (PM-AM) e também fazia parte da Companhia de Operações Especiais (COE). Ele foi assassinado junto do cabo Márcio Carlos, no dia 3 de agosto, durante confronto no Rio Abacaxis.
Anderson Barbosa Monteiro
Anderson foi um dos três ribeirinhos encontrados mortos no dia 11 de agosto. Ele estava junto da esposa e do enteado e, segundo os ribeirinhos, os três estavam em uma lancha a caminho do município quando foram interceptados pelos policiais. O corpo foi encontrado por equipes da Polícia Federal com marcas de tiros. Ele era extrativista e deixa duas filhas.
Vandrelane de Souza Araújo
Vandrelane era casada com Anderson e mãe de Matheus Cristiano. Ela estava na embarcação do marido no momento em que policiais abordaram o grupo, segundo familiares. O corpo foi achado no dia 11 de agosto, por agentes da Polícia Federal. Segundo parentes, Vandrelane era mototaxista.
Matheus Cristiano de Souza Araújo
Matheus tinha 15 anos e era filho de Vandrelane e enteado de Anderson. Ele estava com o casal no momento em que o barco foi supostamente parado pelos policiais militares, no meio do rio.
Josimar Moraes da Silva
O indígena Josimar Moraes da Silva também está entre as vítimas da onde violência e confrontos no Rio Abacaxis. Seu corpo foi encontrado no dia 7 de agosto, dois dias depois de desaparecer.
Os indígenas acusaram os Policiais Militares de entrarem em seu território sem a permissão da Funai e afirmaram que mais um índio também sumiu após a ação da PM.
Não identificados
Dois corpos ainda seguem sem identificação. Um deles é de um homem que, segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM), morreu em confronto com a Polícia Militar no rio. Já sobre o outro, nenhuma informação foi divulgada.
PF investiga denúncias
Depois das mortes dos PMs, mais de 50 militares foram enviados à cidade para identificar e prender os responsáveis pelos crimes. Segundo o Ministério Público Federal, as denúncias sobre os abusos começaram em seguida. A Polícia Federal foi enviada ao município no último dia 10, após uma decisão judicial, para apurar os relatos e garantir a proteção de indígenas e povos tradicionais.