Ribeirinho descobre sítio arqueológico em Curuçá, no PA
Ribeirinho foi até área para colher frutos e viu pedaços de artefatos. Segundo historiador, trata-se de vestígios de ocupação de 3 mil anos.
Curuça (PA) – Um ribeirinho descobriu um sítio arqueológico em Curuçá, nordeste do Pará, na terça-feira (29). São machadinhas, pedaços de cerâmica, pedaços de utensílios de barro e raspadinhas indígenas.
Os objetos seriam do Período Neolítico e teriam 3 mil anos, de acordo com o historiador Paulo Henrique Ferreira. O pesquisador foi acionado pelo ribeirinho Ronildo Jerson Dias de Oliveira, após o morador ter ido até a área para apanhar bacuri, fruta típica da Amazônia, quando se deparou com os artefatos.
“Ele viu as cerâmicas e veio me procurar. Quando cheguei ao local, percebi que havia muitos outros artefatos. Encontramos as machadinhas e outros utensílios, que configuram uma ocupação indígena na área”, relata o historiador e especialista em patrimônio cultural, que trabalha como professor das redes municipal e estadual de Curuçá.
Nômades, os grupos do Período Neolítico se fixavam de maneira temporária em locais com facilidade para alimentação, perto de rios. “Os indígenas viviam em relativa fixação, realizando a horticultura de raízes. Esses grupos desenvolveram a primeira cerâmica elaborada da América, com temas geométricos e zoomórficos, pinturas em tinta branca e vermelha”, explica.
Para Paulo, a descoberta de mais um sítio arqueológico é uma fonte de conhecimento para a compreensão da pré-história da Amazônia. “É uma parte da pré-história daqui que foi pouco estudada. A nossa história é contada a partir da chegada dos portugueses, mas aqui já havia muitos grupos indígenas antes disso. Esses artefatos contam essa história”, destaca.

Exploração ilegal da área
O sítio está localizado entre o povoado de Abade e a comunidade de Muriá, perto de uma área de mangue. A areia branca da área tem sido retirada por tratores para ser usada em construções. De acordo com Paulo Henrique, os tratores pertencem a empresas e a área é da União. “Muita coisa certamente se perdeu, porque os tratores reviraram muito o local, e já retiraram muita areia”, diz o professor.
Para oficializar a descoberta do sítio arqueológico e proteger a área, Paulo e um grupo de professores de geografia e estudos amazônicos irão acionar o Iphan (Instituto do Patrimônio Hist Artístico Nacional). “A competência de investigação cabe ao Iphan. Nossa urgência é para que o Iphan procure a empresa que explora a área e proteja o local, para que ele possa ser estudado e preservado”.
Fonte: G1/PA