Schiaparelli – parte 2
A figura 01 mostra a composição do módulo Schiaparelli da missão ExoMars, observado no início de novembro pela HiRESE da MRO. Na janela principal, está o registo do local de impacto. As outras duas janelas menores (na parte inferior da figura 01) são: à esquerda – a região do guarda-quedas e, à direita – o escudo térmico traseiro.

Ao compararmos as imagens, coletadas em 25/10/16 e 01/11/16, notamos que a forma do guarda-quedas do Schiaparelli (que está na superfície marciana) mudou, como mostrado na figura 02. Em princípio, esse facto pode ser entendido como uma consequência da acção eólica em Marte.
Enquanto sua nave-mãe está a orbitar o planeta vermelho, o módulo Schiaparelli caiu na região de Meridiani Planum a 19/10/16. Vale ressaltar que o TGO (Trace Gas Orbiter) está a fazer observações científicas que se prolongarão por dois circuitos muito elípticos ao redor do planeta vermelho – estima-se que as observações sejam concluídas até 28 de novembro de 2016.
A imagem registada em 01/11/16 foi feita pela MRO e mostra em detalhes Schiaparelli e seus componentes. Foram utilizados três filtros para se obter uma imagem colorida e cujo contraste pudesse permitir a percepção do local de impacto com maior riqueza de detalhes. Outra cousa: a imagem de 01/11/16 foi captada com olhar fixo para o Oeste, ao passo que a do dia 25/10/16 estava-se a olhar para o Este. Esse tipo de técnica é utilizada para proporcionar uma geometria de visualização contrastante.
Com as novas imagens, agora estamos em condições de questionarmos alguns aspectos relevantes, cita-se como exemplo a sequência de manchas claras e brilhantes ao redor da região escura [vide figura 01] são entendidas como o local de impacto e confirmadas como objectos reais, logo, tratam-se de pedaços do Schiaparelli.
Na imagem a preto e branco, na figura 01, notamos um ponto muito brilhante no lugar onde a cratera escura fora identificada. Acredita-se que esta marca esteja associada ao módulo. Salta aos olhos, ainda, um fragmento muito brilhante ao lado das faixas escuras a Oeste da cratera. Tal elemento poderia ser material de superfície perturbado no impacto ou fragmento de uma explosão subsequente (ou descompressão explosiva) dos tanques de combustível do Schiaparelli.
O guarda-quedas e o escudo térmico traseiro são mostrados a cores a uma distância de 900 m para sul. Chamamos sua atenção, caro leitor, para o esboço do guarda-quedas, o qual nitidamente foi mudado quando comparamos a imagem do dia 01/11/16 com a do dia 25/10/16. Acredita-se que a explicação mais plausível seja afirmar que a mudança deu-se graças ao deslocamento do vento, levemente para o Oeste. O mesmo fenómeno fora registado pela MRO quando o rover Curiosity (da NASA) caiu em solo marciano. O estudo destas imagens ajuda-nos a melhor orientar o escudo térmico traseiro da sonda. Notemos que o padrão de manchas brilhantes e escuras sugerem que o escudo térmico esteja posicionado de tal maneira que sua parte externa está à mostra. Além do mais, a camada externa de isolamento se queimou nalgumas partes e noutras não – o que era esperado.
Quanto à parte frontal do escudo térmico, ela foi fotografada, a preto e branco, e sua localização fica fora da região a cores mostrada pela MRO (note também que esta parte ficou inalterada). Como a geometria de visualização é diferente nos dois conjuntos de imagens, logo, o surgimento dos pontos brilhantes não são reflexos especulares, portanto, eles podem estar relacionados com o brilho intrínseco do objecto. Em outras palavras, os pontinhos brilhantes correspondem às multicamadas do isolamento térmico, as quais cobrem o interior do estudo térmico frontal, como já falamos na matéria anterior.
Toda essa colectânea de imagens ajuda-nos na compreensão da acção da gravidade marciana. Ou seja, como Schiaparelli reage à proximidade com a superfície do planeta vermelho. Ainda estão plaeanadas mais imagens. Neste sentido, temos que esperar e conferir se, de facto, as novas imagens apresentarão alguma mudança.