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Sequelas: o drama de quem luta contra as consequências da Covid-19

Eldiney Alcântara | 24 Horas

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O alívio da cura e a vitória contra a morte eminente é somente uma primeira fase para aqueles que vencem a Covid-19. Na grande maioria dos casos, a doença deixa sequelas que podem durar meses, anos e até a vida toda. Nessas situações, o tratamento ultrapassa o hospital e chega às casas, academias, consultórios e demais espaços que podem ajudar a alcançar a tão almejada recuperação total.

O médico parintinense, clínico geral Lucas Messias, 27 anos, atuou em hospitais de campanha para Covid-19 em São Paulo e Manaus. Ele afirma que “as principais condutas a serem tomadas com pacientes pós-covid são avaliações médicas, fisioterapêuticas e psicológicas. É muito importante ter um acompanhamento com um clínico geral para dar seguimento e, assim, serem direcionados para as devidas especialidades”.

De acordo com o médico, “ainda pouco se sabe sobre a fase crônica da Covid-19. Mas, muitos estudos estão sendo levantados para investigar o que se chama de síndrome pós-covid. Dentre as principais sequelas encontram-se as respiratórias, cardiovasculares, neuropsiquiátricas e psicológicas. Um desses estudos recentes, publicado no Jornal da Associação Americana de Medicina (JAMA) com 143 pacientes avaliados após alta hospitalar por covid-19, com uma média de 02 meses do início dos sintomas, somente cerca de 12,4% dos pacientes se apresentaram totalmente livres de sintomas (sequelas). Em relação a qualidade de vida, cerca de 44,1% dos participantes reportaram piora em relação a vida que levavam antes da infecção”.

Sequelas da Covid-19

O jovem parintinense Elian Ribeiro, 20 anos, testou positivo para o novo coronavírus no dia 07 de janeiro/2021 e ficou duas semanas em tratamento domiciliar. Nos primeiros dias sentiu indisposição, tremores, leve dor de cabeça, insônia e cansaço. Após se curar, ele continuou sentindo, por algumas semanas, cansaço e dificuldade para dormir . Elian pratica esportes e na retomada das atividades sentiu rápido cansaço e precisava puxar forte a respiração em alguns momentos. “Pra tentar melhorar as sequelas, eu comecei a fazer exercícios e tomar bastante líquido”, disse.

Ina Lellys Ribeiro, 40 anos, sentiu os primeiros sintomas entre 25 e 30 de janeiro. No dia 01 de fevereiro fez o teste e deu positivo para Covid-19. Mas, ela acredita que por ter feito tratamento preventivo conseguiu apresentar sintomas leves. Ficou em tratamento domiciliar por 21 dias. Porém, Ina ainda luta contra as sequelas da doença. “Eu não tenho mais aquele pique de antes. Eu me canso varrendo casa, lavando banheiro, porém a sequela mais frequente mesmo é a dor de cabeça. Eu tenho que dormir, eu tenho que descansar a vista. Eu também fiquei com tosse. Voltei na UBS, o médico me receitou outro medicamento, tomei durante cinco dias e passou”, conta aliviada.

O professor Gael Levi, 35 anos, passou o Natal e o Ano Novo acometido pela doença. Na primeira semana sentiu apenas dores no corpo e a perda do olfato. Na segunda semana teve difuldades para respirar e precisou ir ao hospital para tomar medicação e fazer exames. Apesar de não apresentar comprometimentos no pulmão, ele teve leve falta de ar. Após curado, Gael apresenta como principal sequela a falta de ar. “Tenho muita congestão nasal e tenho que algumas vezes puxar bem forte o ar. Tive que ir ao posto do Bumbódromo para ser atendido e receber orientação de como tratar essas sequelas”, conta Gael, que faz exercícios respiratórios três vezes ao dia, mesmo estando curado do novo coronavírus há dois meses.

De acordo com o médico Rafael Fonseca, que atua no hospital Padre Colombo, as pessoas que apresentam sequelas da Covid-19 devem ter acompanhamento de médicos, psicólogos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas e educadores físicos. Segundo o profissional, “as pessoas, mesmo curadas, apresentam sequelas, porque acontece uma replicação viral quando a doença tá ativa. Essa replicação viral ultrapassa a barreira epitelial e endotelial que se localiza no pulmões, músculos e tendões. Acontece uma ação inflamatória severa que ocasiona essas sequelas. Porém, com o tempo e os acompanhamentos dos profissionais citados, vai melhorando”.

Rafael informa que muitos pacientes curados apresentam transtornos mentais como quadro de ansiedade, depressão e estresse pós-traumático. Ele aponta ainda fraqueza muscular, redução da capacidade física e problemas respiratórios. “A Cada dez pacientes que recebem alta do hospital, que a gente faz acompanhamento ambulatorial, pelo menos cinco desses pacientes ainda referem queixas respiratórias como falta de ar e dificuldade para caminhar. Então, uma boa orientação, fazendo os exercício adequadamente e os exames de acompanhamento, eles vão melhorando gradativamente”, relatou.

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