Será que teremos uma nova Terra?
Nós já falamos sobre o ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array) em matérias anteriores. Nesta semana o ALMA voltou a ser assunto nas principais páginas de Astronomia. Toda essa festa não foi por menos, afinal, o ALMA conseguiu imagens inéditas de um disco de formação planetária formado ao redor de uma estrela tipo-Sol, no caso, a TW Hydrae.
A estrela TW Hydrae localiza-se na constelação Hidra (fêmea)



Na imagem da figura 04, há vários espaços vazios no disco, em um deles, a distância entre o espaço vazio e a estrela é a mesma distância da Terra ao Sol. Ou seja, talvez estejamos a ver a formação um outro planeta semelhante ao nosso naquele sistema. Mas isso é apenas uma possibilidade. Astrónomos trabalham com duas possibilidades: ou teremos a formação de um planeta semelhante ao nosso, ou de um planeta tipo-Terra (ou seja, rochoso e mais massivo).
Vale ressaltar que a estrela TW Hydrae é bem jovem, sua idade é estimada sendo próxima dos 10 milhões de anos de idade.
A figura 03, mostra-nos uma visão mais ampla do disco protoplanetário ao redor da estrela.
A imagem do ALMA revela uma série de anéis, de poeira, brilhantes e espaços escuros concêntricos. Tudo indica que um planeta com uma órbita parecida com a órbita terrestre está a se formar naquele sistema.
Calma lá, e os demais espaços vazios? Bem, eles também são significativos. Embora estejam, respectivamente, 3 mil milhões de quilómetros e 6 mil milhões de quilómetros da estrela TW Hydrae, esses espaços vazios correspondem às distâncias médias entre o Sol e o planeta Úrano (no primeiro caso) e Sol e o planeta-anão Plutão (no último caso).
Após a obtenção de imagens na faixa de rádio, emitida pelos grãos de poeira do tamanho de milímetros (que estão no disco), o ALMA revelou os seguintes detalhes

A observação deste disco protoplanetário é muito importanto, afinal, é a estrutura mais próxima de nós que mais se assemelha ao nosso Sistema Solar quando ele tinha aproximadamente 10 milhões de anos. No fundo, esperamos que esse estudo possa dar-nos uma maior compreensão sobre a evolução do planeta Terra e, talvez, responder uma questão em aberto: qual seria a probabilidade de encontrarmos sistemas semelhantes em toda a Via Láctea?
Mais dúvidas, os astronómos também estão a buscar respostas para outras indagações, entre elas: com que frequência esse tipo de estrutura surge ao redor de estrelas? Como tais objectos evoluem com o tempo? Como tais objectos evoluem dentro do meio que os envolvem?
Até o momento, fica a sensação de estarmos a olhar para o nosso passado e sermos testemunhas do surgimento de um sistema planetário que lembra, em muito, o nosso. Caso as respostas sejam satisfatórias e esclarecedoras, outro ponto será levantado: será mesmo que o Sistema Solar surgiu com 8 planetas? Ou poderia ter surgido com um número menor de planetas?
Dr. Nélio Sasaki – Doutor em Astrofísica, Líder do NEPA, Membro da AIU, Membro da ST/Brasil, Membro do PLOAD/Brasil, Membro da SAB, Membro da ABP, Membro da SBPC, Membro da SBF, Revisor da Revista Areté, Revisor da Revista Eletrônica IODA, Revisor ad hoc do PCE/FAPEAM, Coordenador do Planetário Digital de Parintins, Coordenador do Planetário Digital de Manaus, Professor Adjunto da Universidade do Estado do Amazonas (UEA).