Ventos Solares e as auroras boreal e austral
Os ventos solares constituem a fonte de energia para as auroras boreal e austral. Essa é a conclusão dos estudos realizados por investigadores, através de uma parceria envolvendo o Japão e os Estados Unidos da América.
Afinal, como a magnetosfera terrestre absorve a energia dos ventos solares?
Para responder essa questão uma equipa de investigadores japoneses e norte americanos está a analisar os dados obtidos pela missão nipo-americana GEOTAIL e pelos satélites MMS da NASA. Em princípio, esse estudo revelou que a reconexão magnética pode alimentar as auroras boreal e austral.
Para observar a região mais interna da magnetosfera, os japoneses planeiam o lançamento de uma nova nave espacial. A expetativa é que os satélites GEOTAIL e ERG ajudem-nos a entender melhor os fenómenos que ocorrem no geoespaço.
Chamamos de geoespaço à região espacial aos redores da Terra. É uma região não muito pacífica, por exemplo: o vento solar é prejudicial para a vida em nosso planeta. Você não está a sentir os efeitos mais graves que os ventos solares podem provocar graças à magnetosfera da Terra, que funciona como um escudo e nos fornece proteção invisível contra os tais ventos solares. Na figura 01 podemos observar a magnetosfera a proteger o planeta Terra.
A interacção entre vento solar e magnetosfera terreste pode causar vários fenómenos, como a aurora. Segundo os estudos nipo-americanos teríamos os seguintes processos:
- A energia do vento solar entra na magnetosfera terrestre;
- A cauda da magnetosfera armazena a energia;
- A energia armazenada é transferida para as partículas (carregadas do plasma);
- As partículas energéticas se movem em direcção à região polar ao longo das linhas do campo magnético e, então, provocam a aurora.
Actualmente, acredita-se que a religação magnética seja o mecanismo-chave envolvido nas etapas (a) e (c). A equipa também se concentrou em detetar o desaparecimento de cordas magnéticas. Ou seja, quando o processo de reconexão magnética ocorre em vários locais, são produzidas cordas magnéticas compostas por linhas de campo magnético. Acredita-se que as cordas magnéticas são maiores quando arrastadas pelos jatos de plasma. Entretanto, a equipa descobriu que, por várias vezes, as cordas magnéticas desaparecem. Em princípio, isso significa que a energia do vento solar não necessariamente entra na magnetosfera, apesar da recombinação magnética. Dito de outra forma, as cordas magnéticas podem evitar a entrada de energia oriunda do vento solar. Depois de realizada, a religação magnética continua ao longo de um período de pelo menos 5 horas. A equipa nipo-americana estima que a linha de reconexão magnética se estenda por uma distância de aproximadamente 70 mil quilómetros.
Por fim, a equipa nipo-americana concluiu que o processo de reconexão magnética é suficiente para tirar a energia do vento solar e induzir auroras (boreal e austral). Ainda mais, as actividades de auroras (boreal e austral) são reduzidas no verão e inverno. Desta forma, a passagem da linha de reconexão magnética pode estar relacionada com as variações sazonais das actividades das auroras.
Dr. Nélio Sasaki – Doutor em Astrofísica, Líder do NEPA/UEA/CNPq, Membro da SAB, Membro da ABP, Membro da SBPC, Membro da SBF, membro da UAI, membro da PLOAD/Brasil e ST/Brasil, Revisor da Revista Areté, Revisor da Revista Eletrônica IODA, Revisor ad hoc do PCE/FAPEAM, Coordenador do Planetário Digital de Parintins, Coordenador do Planetário Digital de Manaus, Professor Adjunto da Universidade do Estado do Amazonas (UEA).