WASP-18b
Após a apreciação dos dados coletados através dos telescópios espaciais Hubble e Spitzer, uma equipa de astrónomos concluiu que o exoplaneta WASP-18 possui uma estratosfera rica em monóxido de carbono (CO). No pronunciamento, dos resultados da investigação, a equipa descartou a presença de água na estratosfera de WASP-18.
A sigla “WASP” vem do inglês: “Wide Angle Search for Planets”. Trata-se de uma equipa de astrónomos internacionais que tem como meta a busca por planetas extrasolares. Desde sua criação, todos os exoplanetas descobertos por este grupo carregam o termo “WASP” no nome do exoplaneta.
WASP-18b foi classifidado como sendo um exoplaneta do tipo-Júpiter quente. Terminologia que faz referência ao tamanho do planeta, neste caso, WASP-18b possui 10,43 vezes a massa de Júpiter. Diferentemente de Júpiter, WASP-18b encontra-se muito próximo de sua estrela-mãe (a uma distância aproximada de 5% da distância entre o Sol e a Terra). Além disse, WASP-18b (que é bem maior que a Terra) gira mais rápido que nosso planeta, completando sua rotação em menos de um dia terreno (mais precisamente 0,94 dia).
Em geral, na formação da estratosfera de um planeta espera-se o surgimento de um mecanismo que favoreça a preservação do mesmo. Por isso, seria razoável encontrarmos meios que preservem as condições “ideias” para o equilíbrio e desenvolvimento do planeta. De maneira sucinta, os componentes da estratosfera de WASP-18b deveriam absorver os raios tanto na faixa do ultravioleta quanto no visível que são emitidos pela estrela-mãe e, consequentemente, liberarem energia sob a forma de calor. Assim, diante o exposto, embora sua classificação seja Júpiter-quente, WASP-18b apresenta uma história de formação divergente daquela de Júpiter. Aliás, até o momento, acredita-se que o processo de formação de WASP-18b tenha sido insólito quando comparado aos processos de formação d’outros planetas gigantes gasosos.
Mas por qual motivo WASP-18b é tão diferente? A resposta para essa pergunta ainda está em aberto. O certo mesmo é que, segundo a equipa de astrónomos, esse exoplaneta é o primeiro já encontrado, onde a taxa de concentração de monóxido de carbono (CO) em sua estratosfera é elevadíssima.
A Terra, por exemplo, possui em sua estratosfera o ozono. A camada de ozono tem a propriedade de absorver a radiação ultravioleta emitida pelo Sol. Sem a proteção do ozono, certamente as radiações causariam graves danos aos organismos vivos que habitam a superfície da Terra. Vale salientar que não é o ozono em si o responsável pela proteção contra os raios ultravioleta, mas sim, o ciclo ozono-oxigénio. Neste ciclo há grande absorção da radiação solar, porém, a presença de CFCs (CloroFluorCarbonetos) – compostos que contêm cloro, flúor e carbono – podem paralizar o ciclo ozono-oxigénio. Porém, um número significativo de exoplanetas com estratosfera, possuem como principal componente desta camada o óxido de titânio. WASP-18b distoa por ser o único (até o momento) a apresentar abundância de monóxido de carbono em sua estratosfera.
Alto lá, mas como os astrónomos podem inferir que há monóxido de carbono em WASP-18b sendo que eles nunca estiveram por lá? Vamos então clarear esta situação. Embora WASP-18b esteja a 325 anos-luz de distância da Terra, a análise da luz refletida pela atmosfera do exoplaneta revela quais elementos químicos estão presentes, ao menos, na camada mais externa da atmosfera de WASP-18b. Aliás, a análise realizada pela equipa de astrónomos apontou para a existência de monóxido de carbono quente, na estratosfera, e de monóxido de carbono mais frio na troposfera. Mas atenção, se existisse oxigénio suficiente para a formação de dióxido de carbono, seguramente WASP-18b apresentaria assinaturas de vapor d’água, facto que não ocorreu.
Uma das consequências dos registos é que o monóxido de carbono está em abundância na atmosfera do exoplaneta. Além do mais, estimou-se que WASP-18b possa ter acumulado metais pesados de maneira incomum quando comparado aos demais Júpiteres quentes.
O elevado índice de metalicidade é um indício que o exoplaneta provavelmente acumulou grandes quantidades de gelos sólidos ao longo de seu processo de formação. É neste ponto que a equipa afirma que WASP-18b pode não ter sido formado como os demais Júpiteres-quentes.
O certo é que a data de lançamento do Telescópio Espacial James Webb está a chegar. Assim como este, espera-se que a nova geração de telescópios, e observatórios espaciais, permita a realização de observações mais precisas e ricas em detalhes do maior número de exoplanetas que conseguirmos estudar.
Dr. Nélio Sasaki – Doutor em Astrofísica, Coordenador do NEPA, Líder do NEPA/UEA/CNPq, membro da União Astronómica Internacional (UAI), Sociedade Brasileira de Astronomia (SAB), Associação de Planetários da América do Sul (APAS), Associação Brasileira de Planetários (ABP), Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Sociedade Brasileira de Física (SBF) e do Grupo de Astronomia para o Desenvolvimento (PLOAD), revisor das revistas IODA e Areté e revisor ad hoc do PCE/FAPEAM, Director dos Planetários de Manaus e Parintins, Professor Adjunto da Universidade do Estado do Amazonas (UEA).